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Nº 5759
Opinião

Veneza, cidade �nica

| LYSETTE LYRA * Estava triste pensando não poder voltar a Veneza em vista de sua configuração acidentada. Situada quase na desembocadura do Rio Pó, num local onde o mar é represado, chamado Laguna. A cidade ocupa 120 pequenas ilhas, cortadas por canais,

Por | Edição do dia 28/12/2005 - Matéria atualizada em 28/12/2005 às 00h00

| LYSETTE LYRA * Estava triste pensando não poder voltar a Veneza em vista de sua configuração acidentada. Situada quase na desembocadura do Rio Pó, num local onde o mar é represado, chamado Laguna. A cidade ocupa 120 pequenas ilhas, cortadas por canais, ligadas através de inúmeras pontes curvas cheias de degraus. Realmente, já que não consigo andar muito, subo escadas com dificuldade, e sendo impossível usar a cadeira de rodas, teria mesmo de me conformar e ficar em Mestra. Qual não foi minha alegria quando o guia me anunciou que eu poderia levá-la, pois Veneza está mais ou menos preparada para receber visitantes deficientes. Assim, alguns lugares mais importantes me seriam acessíveis! Seguimos de ônibus até Trochetto, cais, ainda em construção, de onde saem barcos para todos os lugares, inclusive transatlânticos. Separei-me do grupo que iria até Murano, visitar as fábricas de cristais, o que já conhecia, e tomei, com a maior facilidade, ajudada pela tripulação, um vaporeto público, o qual me era gratuito, para ir ao molhe de São Marcos. Em lá chegando, minha satisfação tornou-se maior quando observei que as principais pontes haviam sido, em parte, revestidas de rampas de madeira as quais pude atravessar, na cadeira, e rever os mais belos monumentos de Veneza. Depois de me demorar um pouco apreciando o Canal da Giudecca e o Grande Canal com seus palácios famosos e os gordos zimbórios das igrejas de São Giorgio e do Redentor, dirigi-me à Praça de São Marcos. Logo encontro as delicadas arcadas góticas do palácio do Doges mirando-se nas águas tremeluzentes. Seus muros cor- -de-rosa e marfim com detalhes rendilhados, compõem, com as fachadas douradas da basílica bizantinas de São Marcos, o elegante campanário de Giotto que parece varar o céu azul, a imponente colunata da Corregedoria e a curiosa Torre do Relógio, a vista mais fascinante da peculiar cidade. Seus prédios são construídos sobre toros de madeira, dentro d’água ou em terreno pantanoso. Por isso, depois de centenas de anos e com a presença dos transportes modernos movidos a motor, sente-se abalada nas suas estruturas, sendo castigada por constantes inundações. Veneza foi fundada em 452, mas só começou a ter importância em 810, quando todas as comunidades existentes nas diversas ilhas, até então autônomas, reuniram-se para formar a República de Veneza, sob o comando de um duque, adotando mais tarde, como símbolo, o Leão Alado de São Marcos. (*) É escritora.

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