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Nº 5759
Opinião

O reconhecimento do verdadeiro amor

| BENEDITO RAMOS * Há uma passagem no livro de Êxodo, precisamente no capítulo 3, onde no Monte Horebe, Deus fala a Moisés, que lhe pergunta o nome. E Deus lhe responde em uma frase muito estranha: “Eu Sou o que Sou”. Ora, naquele momento, até mesmo para

Por | Edição do dia 29/12/2005 - Matéria atualizada em 29/12/2005 às 00h00

| BENEDITO RAMOS * Há uma passagem no livro de Êxodo, precisamente no capítulo 3, onde no Monte Horebe, Deus fala a Moisés, que lhe pergunta o nome. E Deus lhe responde em uma frase muito estranha: “Eu Sou o que Sou”. Ora, naquele momento, até mesmo para expressar a sua autoridade, Deus poderia ter dito: “Eu sou Deus, o todo poderoso, o criador de todas as coisas, aquele que é onipotente e onisciente e mais uma centena de outros títulos. No entanto, Deus, de forma humilde, diz apenas: “Eu Sou o que Sou”. O fato é que somos nós que reconhecemos toda a honra e toda a glória que damos ao Senhor Nosso Deus. É claro que o mundo não é assim. As pessoas tomam a liberdade de criarem seus próprios títulos e buscarem um pseudo-reconhecimento por meios, muitas vezes, espúrios. Mas o reconhecimento público é muito mais que isso. Ele ultrapassa a fronteira de uma obra pessoal. É o altruísmo puro, registrado nas ações de interesse coletivo. E isso é tão raro e tão pouco reconhecível, hoje em dia, que a sociedade duvida, muitas vezes, dessa possibilidade. Não há recompensa maior do que o reconhecimento. Mais que o dinheiro e de qualquer outra forma de compensação, o verdadeiro mérito ultrapassa a barreira de tudo o que é material. É a plenitude do espírito e não da carteira. É difícil de entender, leitor, mas o coração é bem menor do que o bolso, no entanto, é nele que se encontra o que existe de melhor no ser humano: o amor. Esse amor que não engana nem se disfarça. O dinheiro não paga sentimentos. Os sentimentos são dons gratuitos que o materialismo, este que reconhece a “contra partida” ou o “jogo de interesses” jamais compreenderá. Razão pela qual o amor é intransferível. Você pode dá-lo mas nunca, principalmente por recompensa financeira, transferi-lo a outrem, para fazê-lo em seu nome. A babá pode até amar seu filho, mas não substituirá o seu amor. Por isso essa sensação de plenitude só é possível em um sentimento além dessa esfera de interesse pessoal, de um mundo competitivo que exibe suas ações como um troféu. É preciso, talvez, nascer de novo, para compreender que só através do amor é possível chegar a Deus. Porque esse Deus que colocamos lá nas alturas, intocável, todo poderoso e que muitas vezes nos dedicamos tanto, está em cada um de nós, pequenino e humilde. Se o mundo não praticar esse amor mútuo, desinteressado de paixões terrenas viveremos cada vez mais essa comédia (ou tragédia) da vida hodierna, onde as máscaras estão, cada vez mais atadas a uma face cruel que despreza, odeia e mata. (*) É escritor ([email protected]).

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