| DOM EDVALDO G. AMARAL * Ao encerrarmos o primeiro lustro deste novo século, celebrando no próximo dia 1º de janeiro, com a festa da Maternidade Divina de Maria, o Dia Mundial da Paz, parece oportuna breve reflexão sobre o século que terminou há cinco anos e no qual nasceu ainda a grande maioria, mesmo dos nossos jovens, que nasceram na famosa década de 80 do século passado. Temos agora alguns elementos novos a considerar sobre o triste século que passou e no qual nos foi dado viver e atuar. Conheciam-se bem dois monstros da humanidade do século passado: Hitler e Stalin. Hitler, o austríaco que dominou com mão de ferro por algumas décadas a culta Alemanha, com o apoio das massas juvenis e dos políticos mais influentes (nunca com o apoio dos líderes militares) era quem dizia ao povo alemão: “Vocês não precisam pensar; o Partido (era o Nacional Socialismo) já pensa por vocês”. O “führer” tinha o propósito de junto com a dominação do mundo pela Alemanha nazista, com o III Reich – que deveria durar para sempre – eliminar sumariamente os deficientes, os homossexuais e os judeus. Sim, sobretudo os judeus foram alvo de sua insânia pela obsessão da “raça pura”, a raça ariana, que teria – segundo esse monstro – a missão histórica de dominar as raças inferiores. E aí vieram os campos de extermínio com as câmaras de gás e o que ele denominou “a solução final”, que consistiria em eliminar, no mais breve espaço de tempo possível, o maior número de judeus e outros prisioneiros dos campos de concentração. Li no campo de Oswiecim, na Polônia, a pavorosa inscrição: “Lembre-se que daqui você só sairá pelas chaminés das câmaras de gás”. Calcula-se que seis milhões de judeus foram sacrificados no que tristemente passou para a História como o Holocausto (o Shuah dos judeus). O segundo monstro foi Stalin que enviou número ainda desconhecido de dissidentes do comunismo para a Sibéria. Mas com certeza foram alguns milhões que pereceram de fome e de frio nos Gulags, muito bem retratados pelo Nobel de Literatura Soljenitsin, um dos maiores escritores russos de todos os tempos, perseguido pelo regime e auto-exilado da Rússia. Mas agora aparece nos Estados Unidos um livro com o título O desconhecido Mao, apresentado no Brasil por uma revista de circulação nacional em uma de suas últimas edições do ano. Conforme dados apresentados pela revista, o implantador do comunismo na China merece bem o título do 3º monstro do século. (*) É arcebispo emérito de Maceió.