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Nº 5905
Opinião

O pensamento de Freire

| Eduardo Bomfim * Há pessoas que, por suas singularidades, adquirem uma importância definitiva para uma nação e às vezes, para a humanidade. É o caso do pensador, educador Paulo Freire. Nascido em 1921 em Recife, falecido aos 76 anos em 1997. Sua vida

Por | Edição do dia 06/01/2006 - Matéria atualizada em 06/01/2006 às 00h00

| Eduardo Bomfim * Há pessoas que, por suas singularidades, adquirem uma importância definitiva para uma nação e às vezes, para a humanidade. É o caso do pensador, educador Paulo Freire. Nascido em 1921 em Recife, falecido aos 76 anos em 1997. Sua vida foi dedicada inteiramente à pedagogia. De uma forma concreta, ligada às condições reais do povo, principalmente aos “esfarrapados da vida”, como costumava dizer. Procurou construir um processo de ensino interligado às transformações sociais. A sua “pedagogia do oprimido”. Nesse sentido, sua produção sempre esteve associada à filosofia em geral e à dialética marxista, interpretando-a ao seu modo. Afirmava que não existia educação destituída de um sentido libertador da consciência e das condições de exploração. Seu método foi amplamente utilizado pelas forças rebeldes, nos países sob dominação colonial em todo o planeta. Em especial, os do continente africano de língua portuguesa. A experiência da libertação individual e coletiva do indivíduo, de Paulo Freire, estendeu-se pelo primeiro mundo, como os Estados Unidos, etc. Porém, as suas raízes científicas, experimentais e confrontadoras, aconteceram no Brasil. Criador do Programa Nacional de Alfabetização, oficializado em 21 de janeiro de 1964, no governo do presidente João Goulart, vetado três meses depois pelo golpe militar, exila-se na Bolívia, no Chile, onde trabalhou até 1969. Inicia-se, desta maneira, sua vida de peregrino pela Ásia, África, América e Oceania. Sempre impedido de entrar no País. Constitui-se em um “andarilho da esperança”, afirma Balduino Andreola, doutor em ciências da educação pela Universidade Católica de Louvain, Bélgica. Paulo Freire, considerava-se um marxista cristão. Dizia sempre que o simples não é fácil. Difícil é ser simples. Detestava o intelectual arrogante, principalmente o de esquerda. Afirmava que o intelectual de direita era por convicção arrogante, mas o de esquerda era por deformação, noves fora competência de um ou de outro. Inimigo do neoliberalismo, Paulo Freire foi devorador de pátrias com manhãs ensolaradas. Nunca esqueceu o Brasil, semente de suas identidades, apesar de cidadão do mundo, pela roda do destino. Revela em um poema: “De Santiago te escrevo, Recife, para falar de ti a ti que te quero, profundamente, que te quero. Vivi tranqüilo, dormi tranqüilo, de nada me arrependi. Recife cidade minha”. Coerente, nas tramas da vida... (*) É advogado e secretário estadual de Cultura.

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