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Nº 5759
Opinião

De gatos e tigres

| Jorge Briseno * A Gazprom, estatal russa que explora o gás natural, acusou a Ucrânia de ter desviado ilegalmente de seu gasoduto, que liga os campos produtores na Rússia aos países europeus, o volume de 100 milhões de metros cúbicos de gás. Se tal fato

Por | Edição do dia 08/01/2006 - Matéria atualizada em 08/01/2006 às 00h00

| Jorge Briseno * A Gazprom, estatal russa que explora o gás natural, acusou a Ucrânia de ter desviado ilegalmente de seu gasoduto, que liga os campos produtores na Rússia aos países europeus, o volume de 100 milhões de metros cúbicos de gás. Se tal fato for verdade, estaremos diante do maior “gato” já visto na história mundial. Na verdade, acredito que não podemos considerar esta ligação clandestina, segundo os russos, como um “gato” e sim, diante das dimensões do roubo, como um “tigre”. O “gato”, de antemão já promovido a “tigre,” causou um prejuízo de 23 milhões de dólares. É um caso digno de entrar no Guinness, o livro dos recordes. Eu, na minha ingenuidade, pensava que o maior “gato” era o do conjunto Residencial Medeiros Neto, em Maceió. Neste conjunto, 70% dos 72 blocos de 18 apartamentos cada, roubam e desviam água de uma adutora da Casal. Isto apesar dos inúmeros cortes e supressões das ligações clandestinas efetuados pela empresa, além de ações nas esferas judicial e policial, instrumentos que a Casal utiliza para impedir roubo de água. Da mesma forma que a Gazprom, a Casal perde grande parte do que produz devido aos desvios de água. Estimamos que, há cada segundo, são roubados 200 litros da nossa produção total. Tal fato se reflete em um prejuízo econômico da ordem de R$ 700.000,00 ao mês. Apenas no Conjunto Medeiros Neto, estimamos uma perda financeira da ordem de R$ 23.000 ao mês. O “gato” talvez seja uma das instituições mais democráticas deste País, visto que o mesmo é praticado de forma indistinta por moradores de bairros luxuosos como por usuários de bairros mais populares. É artifício utilizado tanto por restaurantes finos como por botecos, de hotéis de várias estrelas como por pousadas sem estrelas no seu firmamento, de fabricantes de pipoca à indústria beneficiadora de leite. Dá até para compor marchinha de carnaval: “De favelados até ex-secretário de Estado latifundiário. Tem ‘gato’ para todo lado”. Os primeiros, reconheço, por absoluta ausência de dinheiro, o outro por absoluta falta de vergonha na cara e ausência de qualquer traço de cidadania. Coibir as ligações clandestinas tem sido uma das principais metas das empresas prestadoras de serviços de telefonia, energia elétrica, água e até de TV a cabo. As operações “caça-fraude” são algumas armas destas empresas, que contabilizam milhões em prejuízo, por conta deste tipo de ação ilícita. As ligações clandestinas são portas abertas para os perigos de contaminação da rede de abastecimento de água. (*) É engenheiro e presidente da Casal.

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