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Nº 5759
Opinião

Socorro arriscado - Editorial

Pelo andar da carruagem, as sirenes das ambulâncias do Samu deverão ser acompanhadas – em coro – pelos sons e luzes das viaturas policiais. A formação desta dupla dinâmica está sendo determinada pelos riscos (cada vez maiores e mais freqüentes) aos quais

Por | Edição do dia 12/01/2006 - Matéria atualizada em 12/01/2006 às 00h00

Pelo andar da carruagem, as sirenes das ambulâncias do Samu deverão ser acompanhadas – em coro – pelos sons e luzes das viaturas policiais. A formação desta dupla dinâmica está sendo determinada pelos riscos (cada vez maiores e mais freqüentes) aos quais têm sido submetidos as equipes de profissionais de saúde, quando chamados à periferia. Vários atos violentos têm sido cometidos, alguns causando ferimentos contra esses profissionais da vida. Na base deste risco está a crescente deterioração da qualidade de vida e aumento da desesperança (desespero mesmo) entre as populações mais carentes de Maceió, áreas onde dia após dia o banditismo vai contaminando com a cultura da violência. Na ausência dos poderes públicos, achacada e violentada pelos bandidos, essa população tende a respostas desesperadas, impensadas – como no caso em que um morador agrediu fisicamente uma enfermeira que lhe foi comunicar do falecimento de sua esposa (em função de complicações de parto). Seria o agressor um bandido, um psicopata, ou simplesmente um desesperado, um ser desequilibrado pela sucessão de dores e violências de uma vida sem esperança? Há igualmente casos onde homens, mulheres e crianças de uma comunidade se lançaram em defesa da ambulância, mesmo sob o risco de tiros: noutro caso, os moradores prefeririam linchar um ferido (tido e havido como bandido) e fazer a mesma coisa contra os profissionais da saúde, que tentavam salvar a vida desse ferido. Tão caótica é a situação, que é possível se prever a necessidade, em breve, de um número superior de policiais ao de médicos para se fazer um socorro na periferia. Sem dúvida, a escolta está se tornando indispensável, mas é necessária a consciência de que esse paliativo não poderá resolver, num futuro bem próximo, essa grande tragédia representada pela violência crescente em nossa Capital.

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