De olho nas elei��es
| Anilda Leão * As eleições já estão dando sinais de largada, quando os políticos, assanhados, promovem encontros quase sempre na base dos comes e bebes para arranjos, especulações e conchavos como sobremesa. E nós, cá do lado de fora, ficamos a nos pe
Por | Edição do dia 13/01/2006 - Matéria atualizada em 13/01/2006 às 00h00
| Anilda Leão * As eleições já estão dando sinais de largada, quando os políticos, assanhados, promovem encontros quase sempre na base dos comes e bebes para arranjos, especulações e conchavos como sobremesa. E nós, cá do lado de fora, ficamos a nos perguntar se eles estão ali preocupados com os destinos do País ou apenas de olho no seu próprio bem estar e na grana que recebem (muito além das possibilidades de um País tão desigual). Desde que me entendo de gente, observo que a politicagem no Brasil é a mesma, parece que nada muda. Com o agravante de que hoje em dia a situação parece ser bem pior no que se refere à qualidade dos nossos chamados homens públicos hoje muito mais aferrados ao poder, capazes dos maiores malabarismos para se manter no desfrute das mordomias cada vez mais esquecidos de que quem os elege é uma gente humilde, espoliada, esfomeada, desempregada, que se multiplica pelas grotas e favelas, virando, muitas vezes, marginais, por absoluta falta de opção de vida ou de oportunidade. A violência não só aqui em Alagoas, mas em todo o País adquire cada vez mais ares de uma guerra não declarada. Homens e mulheres de bem já têm medo de ir a um cinema ou restaurante e trancam-se em suas casas cercados de todo um aparato de segurança; adolescentes tornam-se as maiores vítimas de outros adolescentes, esses tornados marginais pelos bandidos mais velhos e pela falta de perspectiva e de futuro; comerciantes se enjaulam em seus estabelecimentos ou fecham suas portas mais cedo por temerem a ação dos bandidos. Quem poderá dar fim a esse estado de coisas? Políticos se assanham diante das eleições, e é um direito deles. Mas é um direito nosso, dos eleitores, exigir uma maior seriedade na condução das políticas públicas, principalmente no que se refere à educação dos nossos jovens e ao enfrentamento das causas da atual onda de violência. Isso antes que entremos de vez numa verdadeira guerra civil. As eleições estão chegando e os conchavos também. Ninguém de bom senso pode pensar que não vai haver compra de votos ou caixa dois nas campanhas. Afinal, isso é coisa mais velha que o próprio arco da velha, não me venham dizer que foi inventado por esse ou aquele governo. Já tenho idade o suficiente para afirmar isto, como também para sentir saudade dos meus tempos de juventude, quando pude acompanhar de perto a atuação de uma verdadeira plêiade de políticos verdadeiramente comprometidos com os destinos do nosso estado, do País e, principalmente, comprometidos com o povo brasileiro. (*) É escritora, poeta e atriz