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sexta-feira, 16/05/2025 | Ano | Nº 5968
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| Marcos Davi Melo * Dois alagoanos tiveram os seus destinos cruzados em um dia desta semana em Maceió. João Medeiros, um conceituado médico cirurgião, com vasta folha de serviços prestados na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde opera diariamente, na maioria pacientes humildes oriundos do SUS, é também coordenador médico do Samu, o que lhe tem proporcionado repetidos sufocos decorrentes da violência que cerca o seu trabalho, e Aurélio Morais Duarte, um engenheiro de 66 anos, aposentado do DER, que faleceu vítima de um derrame cerebral e teve um enterro inusitado no Parque das Flores: o cortejo fúnebre foi acompanhado pela orquestra de frevos Sai da Frente, do maestro Manezinho. João Medeiros veio ao noticiário das páginas policiais, onde nunca deveria aparecer. Junto com outros médicos sérios e competentes como Paulo Alencar e Mário Eugênio, tem feito um trabalho excepcional no atendimento de vítimas de tiros, facadas, atropelamentos, trombadas, violências enfim, que crescem sem cessar em Maceió e são socorridos pelo Samu. Vão às grotas mais inóspitas atendendo à comunidade carente, onde até enfrentaram os bandidos que atiraram em um concorrente e não queriam que ele fosse salvo; ou os moradores de um recanto aterrorizado pelo marginal que afinal recebeu daquela comunidade uma represália. Os médicos do Samu querem apenas cumprir a sua missão, salvar vidas ameaçadas, e por isso correm risco de vida. São facetas de uma profissão a cada dia mais submetida à pressões variadas. Aurélio, o engenheiro aposentado era um sujeito muito pacato, embora uma das suas paixões fossem a Segunda Guerra Mundial, principalmente as batalhas aéreas e por isso era chamado ?Cabo Aurélio?. A outra paixão era o Frevo, do qual possuía um amplo acervo de discos de todos os tipos. Aurélio fizera a sua família jurar que o seu enterro seria acompanhado por uma banda de Frevo, assim como acontece em Nova Orleans quando do enterro de um apaixonado do Jazz. Os médicos do Samu são profissionais capacitados que querem salvar vidas e, para que possam exercer este nobre ofício, precisam de proteção da polícia. Que época vivemos! Aurélio Morais Duarte era um engenheiro aposentado que foi enterrado conforme queria. Braga Lira e Albérico Liderança presentes à cerimônia fúnebre descreveram que sobre o corpo estava depositado um pequeno avião militar e uma sombrinha de carnaval. O corpo desceu ao túmulo e a cidade não parou de crescer em tamanho, pobreza e violência. (*) É médico.

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