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Nº 5759
Opinião

Perspectivas do tempo

| Dom Fernando Iório * Concluímos, no final de 2005, o ano da Física, porque faz 100 anos que Einstein lançou as bases primeiras de uma nova perspectiva sobre o tempo. E tudo se modificou em relação à cosmologia e às novas dimensões da ciência. O tempo

Por | Edição do dia 17/01/2006 - Matéria atualizada em 17/01/2006 às 00h00

| Dom Fernando Iório * Concluímos, no final de 2005, o ano da Física, porque faz 100 anos que Einstein lançou as bases primeiras de uma nova perspectiva sobre o tempo. E tudo se modificou em relação à cosmologia e às novas dimensões da ciência. O tempo que, até então, fora tido como absoluto, como um relógio universal, passa a ser questionado, a ponto de, atualmente, tornar-se uma categoria relativa, a depender de uns tantos fatores, incluindo o observador; de tal sorte que chegamos à conclusão de que não existe um tempo único no universo. O tempo é pensado sob diversas óticas. Não são poucos os setores de conhecimento que questionam e refletem as mais diversas teorias a cerca do tempo, com suas múltiplas e inegáveis funções. A filosofia, a teologia, bem assim a física e a literatura buscam, de acordo com seus métodos e objetivos, estudar questões ligadas à temporalidade. Tudo porque o tempo é uma categoria básica de nossa existência, oferecendo-nos a dimensão de finitude e infinitude da caminhada temporal. Vivemos no tempo. Somos seres pensantes no tempo. Cabe-nos distinguir alguns aspectos que julgamos fundamentais em nossa vida. Um dos principais é o aspecto mais objetivo do tempo. É o tempo contado pelos ponteiros do relógio, por demais importante na contemporaneidade. Nossa vida social é regida pelo tempo do relógio para que haja um trabalho ordenado. É o tempo objetivo, cronológico. É de se ver, o tempo objetivo passou por profundas modificações, tendo em vista as transformações da economia que equiparou o tempo ao dinheiro, já que nos encontramos numa sociedade capitalista, associada a padrões de produção e de lucro. Jamais tiveram os relógios tamanha importância, como hoje, na história do homem. Cada segundo passa a ser de suma importância. Sim, até de suma importância para quem consegue pensar no tempo, unindo a objetividade à subjetividade da temporalidade. Pensar dentro do tempo não deixa de ser: refletir sobre nossa transitoriedade e que cada minuto tem valor de eternidade. O pensar dentro do tempo cria aquele aspecto qualitativo do tempo, conhecido como nível de temporalidade subjetiva, não mensurável pelos relógios, mas pela acuidade do raciocínio capaz de colocar o ser humano acima das conquistas terrenas. (*) É bispo de Palmeira dos Índios.

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