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Nº 5905
Opinião

N�o � balela - Editorial

Uma baleia apareceu nadando no rio Tâmisa. O mamífero foi estimado como tendo 6 metros de comprimento e lançou seus jatos d’água para gáudio dos estasiados viventes da capital inglesa, na manhã da última sexta-feira. Rios não deveriam ter baleias, cujo h

Por | Edição do dia 22/01/2006 - Matéria atualizada em 22/01/2006 às 00h00

Uma baleia apareceu nadando no rio Tâmisa. O mamífero foi estimado como tendo 6 metros de comprimento e lançou seus jatos d’água para gáudio dos estasiados viventes da capital inglesa, na manhã da última sexta-feira. Rios não deveriam ter baleias, cujo habitat são as águas oceânicas, salgadas, mas certamente o mais conhecido rio da Inglaterra deve está com um tempero salobro, ou essa baleia também gosta de água doce. O fato deve chamar a atenção do mundo como uma redobrada comprovação do sucesso do projeto de despoluição daquele rio – que já foi considerado como um dos mais poluídos de todo o globo. O River Thames (como escrevem os ingleses) padeceu secularmente de múltiplas e terríveis agressões, seja pela poluição doméstica (esgotos urbanos) seja pela contaminação industrial. Para quem tem um Salgadinho a apodrecer a céu aberto, esse exemplo de revitalização deveria ser estudado com redobrada atenção. Pois o velho Tâmisa foi considerado morto ainda em 1856, quando dutos especiais foram construídos para levar parte dos esgotos para o mar, como tentativa de diminuir o insuportável fedor que dele emanava. Só em 1960, com o crescimento da consciência ecológica, começaram os investimentos para recuperar aquele rio e, em 1974, um de seus desaparecidos moradores foi retornado ao seu leito: os deliciosos e sensíveis salmões (haviam desaparecido de lá desde 1824, liquidados pela poluição doméstica e industrial). Hoje, o Tâmisa é considerado o estuário metropolitano mais limpo do mundo. A baleia, que nele nadou há dois dias, que o diga. E nós, com nosso maravilhoso estuário Mundaú-Manguaba em risco e com o modesto riacho Salgadinho a pedir socorro, temos que nos mirar na revitalização do britânico Tâmisa – hoje piscoso, mas que durante quase um século foi considerado uma malcheirosa e irrecuperável múmia.

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