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Nº 5759
Opinião

Guernicas

| Eduardo Bomfim * A luta política desenvolve-se, atualmente, entre dois campos bastante definidos. Em primeiro lugar, aqueles que aspiram por um novo tempo de paz, solidariedade e justiça social. Isto, em sentido amplo, quer dizer, no Brasil e no mun

Por | Edição do dia 27/01/2006 - Matéria atualizada em 27/01/2006 às 00h00

| Eduardo Bomfim * A luta política desenvolve-se, atualmente, entre dois campos bastante definidos. Em primeiro lugar, aqueles que aspiram por um novo tempo de paz, solidariedade e justiça social. Isto, em sentido amplo, quer dizer, no Brasil e no mundo, em perspectiva histórica, trata-se de um sentimento poderoso, capaz de mover montanhas e corações de povos. Não pode ser refutado, sem provocar o desmascaramento de objetivos gananciosos e expansionistas, imperiais. A outra face da moeda dispensa sentimentos generosos. Impõe-se pelos acontecimentos. São os fatos tal como eles se apresentam. Por trás dos gestos distintos e civilizados, particularmente em meia dúzia de nações ricas, escondem-se as garras da cobiça e do expansionismo em maior ou menor grau. Paradoxalmente, os atuais proprietários dos tesouros mais preciosos, produzidos pela sensibilidade artística e cultural da humanidade, em todas as épocas, quase nada assimilaram desses momentos de genialidade. Encontram-se estocados, cuidadosamente guardados, magnificamente expostos em majestosos museus. Vivo fosse, Nelson Rodrigues diria que almas penadas berram pelos corredores e labirintos secretos destes gigantescos e seculares prédios, soluçando as dores do mundo. São as almas criativas que a natureza humana gestou, impotentes e perplexas, diante dos horrores destes tempos, do primeiro e segundo milênios. Quantas “Guernicas” Picasso teria que pintar? Ademais, suas obras são julgadas pelo peso do ouro. Nestas ricas nações, a informação representa um poderoso instrumento de subjugação, dissuação externas, além de poderoso e alienante entorpecente para a consciência das mulheres e homens. O motor político e ideológico deles é a concentração desenfreada da riqueza produzida pelos povos. Mesmo que seus habitantes transformem-se em esquálidos totais, pela fome e miséria. A civilidade de punhos de renda dos cidadãos do primeiro mundo equivale aos da Grécia Antiga. Cultos e eruditos porque existiam os escravos. Hoje são os imigrantes. Tolerados mas apartados. Atolados em situações graves no Oriente Médio e outros lugares, observam com preocupação o avanço das forças democráticas e progressistas na América do Sul e outros continentes. (*) É advogado e secretário estadual de Cultura.

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