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Nº 5759
Opinião

Amargo vale - Editorial

Em meio a tantas notícias palpitantes na mídia nacional nos últimos 15 dias, aparentemente passou despercebida da maioria do público uma notícia deveras importante: uma das principais privatizações da “era FHC” será revista pela Justiça. A decisão é da 5ª

Por | Edição do dia 28/01/2006 - Matéria atualizada em 28/01/2006 às 00h00

Em meio a tantas notícias palpitantes na mídia nacional nos últimos 15 dias, aparentemente passou despercebida da maioria do público uma notícia deveras importante: uma das principais privatizações da “era FHC” será revista pela Justiça. A decisão é da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal de Brasília e o negócio a ser reavaliado é nada mais nada menos que a venda da Companhia Vale do Rio Doce. Se essa revisão for adiante, o debate sobre mensalão, caixa 2 e outros escândalos do momento pode virar coisa de criança. O fulcro da questão levantada é a suspeita (aventada desde os primeiros passos daquele gigantesco negócio) de que o valor da Vale do Rio Doce teria sido subfaturado – ou melhor, subestimado – no processo de avaliação do patrimônio da gigantesca empresa (então estatal). Um dos exemplos que fundamentam tais suspeitas está nas diferenças de valores entre a avaliação apresentada no dia 8 de maio de 1995, pela Vale, à Securities and Exchange Comission (SEC) – a entidade fiscalizadora do mercado acionário nos Estados Unidos – quando as reservas lavráveis de ferro foram descritas como estimadas em 7,9 bilhões de toneladas. Dois anos depois, no edital de convocação do leilão de privatização, segundo os argumentos levados à barra do tribunal, essas reservas reduziram-se a apenas 1,4 bilhão de toneladas. A Vale do Rio Doce foi privatizada em 6 de maio de 1997, arrematada pelo “Consórcio Brasil”, que deslocou o favorito “Consórcio Valecom” e levou a arca do tesouro por R$ 3.338.178.240,00. A polêmica foi aquietada pela ação dissipadora do tempo. E agora pode voltar à pauta. Seria um bom momento, pois hoje o País já está no ritmo de esclarecer coisas nebulosas e cifras espantosas de nosso passado recente. Oxalá essa questão não seja reconduzida para o vale das sombras e do silêncio.

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