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Nº 5759
Opinião

Conflitos de opini�es

| José Medeiros * Quando se reúnem três gerações familiares num mesmo local de comemoração, a tendência é a de que os mais velhos discutam e lembrem alegrias passadas e antigas amizades. Nessa confraternização, para que a festividade não se torne uma ses

Por | Edição do dia 01/02/2006 - Matéria atualizada em 01/02/2006 às 00h00

| José Medeiros * Quando se reúnem três gerações familiares num mesmo local de comemoração, a tendência é a de que os mais velhos discutam e lembrem alegrias passadas e antigas amizades. Nessa confraternização, para que a festividade não se torne uma sessão nostálgica, ou que a geração mais nova se enturme de maneira separada, um dos presentes sugeriu que os avós e pais lembrassem alguma coisa bem característica de suas épocas e que os filhos e netos relatassem como desenvolvem suas paqueras e amores. Todos riram. Mas, aceitaram o desafio. Um dos avós relatou uma historieta, recentemente lida por ele, em que o cenário era uma cidadezinha do interior, numa época em que não havia telefone. “Havia um muro alto entre nossas casas. Difícil de mandar recado para a garota a quem eu desejava fazer uma declaração de amor. Não havia e-mail, nem telefone. O pai dela era uma onça. Eu amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão. E jogava a pedra no quintal da casa dela. Se ela respondesse pela mesma pedra, era uma glória! Mas, por vezes, o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira. E então era uma agonia”. Uma adolescente presente, amiga de minhas netas, protestou: “Isso é coisa do tempo do rococó; atualmente, a paquera começa cedo, na escola, na praça ou no cinema. Na Internet é ainda melhor; entra-se nas ‘salas de bate-papo’ para conhecer gente nova e paquerar; usamos, também, o ‘messenger’ para conversar com os amigos. Sempre que encontro um dos meus contatos, on-line, embarco numa boa conversa. O resto é conseqüência: paquerar, namorar, ficar e se envolver. Uma amiga minha namorou com um internauta do Canadá e já decidiu: vai passar três meses com ele na cidade de Quebec.” A mãe da adolescente rebelde e de nariz arrebitado não gostou da desenvoltura da filha. Contra-atacou: “Pois, no meu tempo, tudo já era bem moderno, mas eu segui a linha tradicional da família: anel de compromisso, noivado e casamento de véu e grinalda. No decorrer dos anos mudam as circunstâncias, acrescentou, mas se tenta salvar a família, encontrando um padrão aceitável no desempenho de nossas vidas.” Nos últimos 50 anos foram grandes as mudanças de concepções na vida familiar. O diálogo substituiu o mandonismo dos pais. Ai da família que não senta ao redor da mesa, conversa, discute e estabelece limites. A compreensão afetiva faz o resto. (*) É médico e ex-secretário de Educação e de Saúde.

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