Opinião
O coqueiro

| Luiz Barroso Filho * O coqueiro (?cocos nucífera?), imponente vegetal que ornamenta as nossas praias, é uma espécie de palmeira que não possui a característica lenhosa das árvores, ou seja, o tecido do seu tronco não é igual ao das outras plantas que concorreram com ele ao título de árvore-símbolo de Maceió. Por isso, depois de ter sido escolhido a árvore representativa da capital alagoana, surgiu uma polêmica envolvendo estudiosos que contestam sua classificação. A discussão em torno do assunto seria infrutífera, ainda que tivesse ocorrido antes da eleição promovida pela Prefeitura Municipal, em virtude da importância econômica e cultural do coqueiro para o Estado, independentemente da sua condição de palmeira ou árvore. Nenhum produto agrícola contribuiu tanto para divulgar a cidade de Maceió quanto o ?Gogó da Ema?, um coqueiro disforme, plantado na praia da Ponta Verde, que atraía e encantava turistas de várias partes do mundo. Principal cartão-postal da nossa capital, o ?Gogó da Ema?, que tombou em 1955, motivou a denominação de restaurantes nos Estados Unidos e nas Bahamas, e inspirou artistas que o reproduziram em quadros e criaram uma série de objetos em que a imagem do famoso coqueiro aparecia estampada. Apesar de não ser uma planta nativa, o coqueiro é cultivado há séculos em Alagoas, mas, só a partir de 1914, passou a receber a assistência técnica da Secretaria da Agricultura, que, na época, realizou um recenseamento tendo registrado a existência de 300 mil pés da palmeira em nosso litoral. Esse trabalho despertou o interesse dos plantadores e serviu para incrementar a comercialização dos derivados do valioso vegetal, que hoje são utilizados em grande quantidade na fabricação de produtos que contribuem significativamente para o desenvolvimento do Estado. Responsável pela formação da bela paisagem do litoral de Alagoas, o coqueiro é uma planta da qual tudo é aproveitado. Além da polpa e da água encontradas no coco, que sempre fizeram parte dos hábitos alimentares do alagoano, a palha, o tronco, o casco, a tibaca e a fibra são empregadas na confecção de uma grande variedade de peças artesanais utilitárias e decorativas. Essas breves considerações sobre o coqueiro já seriam suficientes para credenciá-lo e justificar sua escolha como símbolo da cidade de Maceió, que sedia a maior indústria de aproveitamento e beneficiamento de coco do mundo. Uma questão precisa ser discutida, a preservação dos coqueirais ainda encontrados em nosso litoral, tendo em vista a ameaça da especulação imobiliária. (*) É advogado