app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5759
Opinião

Dois acontecimentos inusitados

| Eduardo Bomfim * Em janeiro passado, dois episódios políticos marcaram profundamente o cenário internacional e europeu, com reflexos generalizados. Em Portugal, o político de centro-direita Cavaco Silva ganhou as eleições para a presidência da Repúbl

Por | Edição do dia 03/02/2006 - Matéria atualizada em 03/02/2006 às 00h00

| Eduardo Bomfim * Em janeiro passado, dois episódios políticos marcaram profundamente o cenário internacional e europeu, com reflexos generalizados. Em Portugal, o político de centro-direita Cavaco Silva ganhou as eleições para a presidência da República. Tal vitória, acredito, foi uma decorrência da divisão das forças progressistas portuguesas em duas candidaturas. O líder do Partido Socialista, Mário Soares, uma das referências históricas da resistência ao regime de Salazar, além do bravo dirigente comunista Álvaro Cunhal, amargou um humilhante terceiro lugar. Não sou um seguidor das jornadas ideológicas de Soares. Mas não há como negar o seu papel nos combates contra a tirania e a capacidade de formular caminhos para o futuro da nação lusa. Tornou-se uma espécie de embaixador itinerante do país. Preocupava-se com a forma de o país se integrar ao bloco da União Européia sem perder as suas identidades, suas raízes. Considerava um sério risco. Sua trajetória, cheia de altos e baixos, acertos e erros. Pelo que eu sei, o outro candidato do campo de esquerda pertencia a uma coalizão, acredito, bem mais avançada programaticamente. Em segundo lugar no pleito, saudada entusiasticamente como um grande avanço por seus partidários e eleitores. Embora não conheça inteiramente o seu programa, baseio-me em certo conhecimento da política interna de Portugal. Mas será difícil demonstrar que o motivo da vitória dos neo-conservadores não tenha sido a divisão das esquerdas e a incapacidade de se unirem contra um adversário forte e apoiado externamente. Fato notável deu-se na Palestina, a vitória espetacular do Hamás, força extremamente fundamentalista, política, guerreira e religiosa, contra Al Fatah, organização criada por Arafat, fundador do processo de libertação da Palestina. Figura indelével na história desse povo, morreu paulatinamente envenenado, durante dois anos, pela insalubridade no que era o seu quartel general, cercado por Israel. O seu partido sofreu intensa campanha de difamação, acusado de corrupção. O objetivo dos EUA e Inglaterra era substituí-lo por um líder colaboracionista. Tiro pela culatra. Agora, a Europa e os EUA, em pânico, gripam quando a Palestina espirra. (*) É advogado e secretário estadual de Cultura.

Mais matérias
desta edição