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Nº 5759
Opinião

Os Bentos na hist�ria do papado

| Dom Edvaldo G. Amaral * Após a morte em 1342 de Bento XII - um santo pontífice, apesar de ter sido o 3° papa francês em Avinhão - seu sucessor, Gregório XI, em 1377, voltou para Roma e no ano seguinte faleceu. No conclave que se seguiu a sua morte, o p

Por | Edição do dia 07/04/2006 - Matéria atualizada em 07/04/2006 às 00h00

| Dom Edvaldo G. Amaral * Após a morte em 1342 de Bento XII - um santo pontífice, apesar de ter sido o 3° papa francês em Avinhão - seu sucessor, Gregório XI, em 1377, voltou para Roma e no ano seguinte faleceu. No conclave que se seguiu a sua morte, o povo romano gritava em tumulto, na porta do palácio, onde se reuniam os cardeais eleitores: “Romano queremo-lo, ou ao menos italiano!” O cardeal Pedro de Luna, espanhol, apoiou o novo papa, um napoletano, que tomou o nome de Urbano VI. Mas logo passou a apoiar um antipapa, Clemente VII, que se estabelecera em Avinhão, criando o assim chamado cisma do Ocidente. Na morte de Clemente VII, o próprio card. Pedro de Luna se fez eleger papa pelos cardeais franceses em Avinhão, tomando o nome de Bento XIII e manchando esse nome de santos pontífices, uma vez que ele era antipapa e os únicos papas legítimos continuaram sendo Urbano VI, com a Sé em Roma, e seus sucessores. O antipapa Bento XIII, seguido dos cardeais franceses que ele elegera, veio a falecer em 1423 no penhasco Peníscola, perto de Valência, na Espanha, sua terra natal. Passaram-se três séculos sem nenhum papa Bento, pela marca que deixara o último antipapa desse nome. Em 1724, é eleito papa o card. Pierfrancesco Orsini, com 75 anos de idade, que fora por quase 40 arcebispo de Benevento, na Itália. O card. Orsini toma o nome de Bento XIII. Seu pontificado restaura a fama dos Pontífices de nome Bento. O problema teológico principal da época era o jansenismo, com seu rigor desumano em tratar os pecadores. Bento XIII era um asceta sem modificar seu teor de vida, simples e pobre. Mérito seu foi o retorno à rigorosa disciplina eclesiástica e ao desenvolvimento da atividade missionária na América e na África. Com particular firmeza e com seu exemplo, opôs-se ao luxo dos cardeais. Com grande fervor, logo promulgou o Ano Santo de 1725, visitando com devoção as quatro basílicas maiores, usando transportes modestos. Durante o jubileu, transferiu-se do Palácio Quirinal (até então residência oficial dos papas, hoje nas mãos do governo italiano) para o Vaticano, para mais facilmente presidir as cerimônias litúrgicas em S. Pedro. Promoveu a devoção aos santos, com inúmeras canonizações, entre elas a de S. João da Cruz e de S. Luiz Gonzaga. Durante o jubileu, inaugurou a famosa escadaria da Praça da Espanha. Para assegurar a austeridade do Ano Santo, proibiu o jogo de azar em Roma. Enfim, com Bento XIII a Cidade Eterna devia ser, como lhe convinha, uma cidade santa. Infelizmente tal não aconteceu. A simonia (venda de coisas sagradas) reinava absoluta. Após seis anos de breve pontificado, Bento XIII faleceu em 1730 na terça-feira de carnaval. (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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