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Opinião

Vagas lembran�as

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RONALD MENDONÇA * Ciúmes, despeito, amizade ou horror, qualquer um desses ingredientes ? ou todos eles ? pode ter sido o combustível que levou o ministro Paulo Renato a destampar o vaso onde estão depositadas as sujeiras das privatizações ao relatar suposta tentativa de extorsão no processo da Vale do Rio Doce. A propina, modesta para muitos, teria sido cobrada por um elevado quadro do executivo, ?unha-e-carne? do candidato José Serra, e se destinaria a bancar campanhas eleitorais. A inconfidência, confirmada por um ex-ministro das comunicações (ele próprio apeado do cargo por conta de estranhos diálogos telefônicos captados por escuta criminosa), ganhou força, repercutindo forte pelo País, fazendo encolher ainda mais a já flácida candidatura oficial. Ricardo Sérgio de Oliveira, o suspeito, provavelmente faz parte desse seleto grupo de técnicos, arrogantes ?gênios? da administração e da economia (?czares?), oriundos de empresas particulares (alguns desses aterrisam na área pública depois de fracassarem em seus próprios negócios), que, convocados a ?servir? a Pátria ? e, só de araque ? ?sacrificam-se?, ?abrindo mão? das vantagens financeiras que a iniciativa privada costuma contemplar suas ?mentes brilhantes?, em troca dos míseros proventos do emprego público (Oh! Deus, quanto civismo). Ironias à parte, o fato é que enquanto na província é relativamente fácil identificar esses falsos abnegados que abusam da nossa percepção, exibindo padrão de vida dispar dos ganhos lícitos presumíveis, na esfera federal as coisas só são descobertas quando bate a ciumeira entre os instalados no poder e aí entregam na bandeja as cabeças dos rivais, muitas vezes com anos de atraso. Aliás, essas sucessivas denúncias contra Ricardo Sérgio não são fatos isolados envolvendo figurões desse governo em esquemas semelhantes. Virou hábito. Talvez, por botar fé na propalada pouca memória do povo ? que, não raro, erra na mão elegendo pessoas que rigorosamente deveriam estar atrás das grades ?, é que maus governantes não estão nem aí quando se trata do próprio enriquecimento às custas de graves lesões ao patrimônio público. Tampouco menos preocupante foi a súbita falta de memória que atingiu o presidente da República. Imaginem que o nosso alto mandatário não se recordou de ter sido alertado de que um graduado funcionário do seu governo tentara, por alguma razão, extorquir 15 milhões de qualquer coisa de um grupo de empresários. Não sem razão, teme-se e lastima-se que o cérebro desse intelectual possa, nesse final de governo, ser acometida por lapsos mnêmicos cada vez mais freqüentes e que Sua Excelência fique como o computador da placa: em vez de memória, vagas lembranças. (*) É MÉDICO E PROFESSOR DA UFAL [email protected]

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