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Nº 5759
Opinião

Caricatura do �dio - EDITORIAL

Pela Internet progride a discussão sobre os “tumultos anti-charges de Maomé”. Uma coluna eletrônica brasileira (Catalisando, em www.globo.com) repassou uma importante notícia: as charges sobre o profeta fundador do islamismo não são de primeira mão; havia

Por | Edição do dia 11/02/2006 - Matéria atualizada em 11/02/2006 às 00h00

Pela Internet progride a discussão sobre os “tumultos anti-charges de Maomé”. Uma coluna eletrônica brasileira (Catalisando, em www.globo.com) repassou uma importante notícia: as charges sobre o profeta fundador do islamismo não são de primeira mão; haviam sido publicadas, em 2005, num jornal chamado Al Fagr, editado no Egito. E, na época, não produziram nenhum protesto significativo. A partir daí, várias interpretações buscam responsabilizar a “ignorância” e a “manipulação” dos povos islâmicos pelos tumultos. A descoberta de que os muçulmanos não se sentiram tão ultrajados quando seus irmãos em crença cometeram o pecado de desenhar o profeta, reafirma o óbvio ululante: a explosão da revolta teve as caricaturas apenas como a gota d’água. O problema real está no sentimento generalizado entre os islâmicos de que estão sendo vítimas de uma nova cruzada. Multidões estão arriscando a vida por esta razão, pela revolta odiosa contra o massacre das intervenções militares, contra a permanente humilhação dos palestinos, iraquianos e afegãos, contra a discriminação, etc. Existe manipulação política? Certamente que sim, até porque a manobra encontra campo fecundo dentre os corações e mentes dos milhões e milhões de islâmicos humilhados. Pesquisando-se mais, descobrir-se-ão muitos outros cartuns sobre Maomé publicados na imprensa ocidental, e se descobrirá um tempo passado (ainda no século XX) que tais calungas não provocavam ira nenhuma. Para se reconquistar a liberdade de fazer charges e caricaturas sobre profetas alheios será necessário, antes de acusar a ignorância do próximo e sua suposta tendência à manipulação, estabelecer uma ordem mundial mais justa, menos humilhante, mais tolerante – sem isto, estaremos alimentando as revoltas, o ódio... e o terror.

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