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Nº 5759
Opinião

Eu e Paulo S�

| Nelson Almeida Filho * Comecei a dedilhar o violão na década de 60, quando a batida diferente e os acordes dissonantes da bossa nova, executados por Paulinho Nogueira, vieram despertar o meu talento pela música. O reduto da boemia naquela época era no

Por | Edição do dia 11/02/2006 - Matéria atualizada em 11/02/2006 às 00h00

| Nelson Almeida Filho * Comecei a dedilhar o violão na década de 60, quando a batida diferente e os acordes dissonantes da bossa nova, executados por Paulinho Nogueira, vieram despertar o meu talento pela música. O reduto da boemia naquela época era no Bar da Jaqueira - próximo ao Colégio São José -, onde freqüentava assiduamente o seresteiro Marcus Vinícius (cronista social que adotou pseudônimo de Ícaro) e, como não podia ser diferente, foi lá que conheci o saudoso amigo cantando a música Lobo Bobo, de Menscal e Boscoli, tamborilando em uma caixa de fósforos. Meio acanhado peguei o instrumento e fiquei impressionado com o seu ritmo e maravilhosa interptetação da melodia Cara de Palhaço, sucesso gravado por Miltinho. Ao término, ele vibrou: “ você vai trabalhar comigo!”. Não deu outra. Nos afinamos muito bem e a partir daí foram incontáveis as boas grandes farras que participamos nos fins de semanas, tanto no soçaity como nos botequins de ponta de rua. Foi um bom filho, excelente tomador de malvada “pinga” e costumava dizer, em tom de brincadeira: ‘‘gosto mais de aguardente de que da minha mãe!”. Exagerava muitas vezes na bebida, chegando ao ponto de ser hospitalizado na Santa Casa para se recuperar de uma hepatite. Foi lá que conheceu a então enfermeira Zenilda, com quem se casou e teve três filhos maravilhosos: Pablo, Paloma e Paulo Júnior. Companheiro espirituoso e piadista de mão cheia, por onde andava alegrava e divertia o ambiente. Certa feita telefonou convidando-me para tomar umas e outas. Recusei porque eram oito horas da manhã. Foi quando retrucou: “meu irmão, nessa altura no Japão tá todo mundo bêbado!’’. Comandou como cantor o conhunto Sambrasa, animando as noitadas do Clube Fênix Alagoano nos tempos áureos. Aposentado pela Secretaria da Fazenda, aos sábados se reunia com um grupo de amigos que os denominou de BigBrochas, numa barraca da orla marítima. Na nossa convivência de 46 anos, cataloguei muitas conversas engraçadas. E, brevemente, pretendo colocar num livro, contando os seus melhores e hilários momentos, dessas quase cinco décadas de amizade. Descuidou-se com sua saúde e aos 68 anos foi vitimado por uma bactéria que perfurou seu intestino, vindo a falecer às 19 horas do dia 04, no Hospital Artur Ramos. Paulo Gonzaga de Sá, tenho a certeza absoluta que você ficou muito feliz com os amigos que lhe acompanharam até a última morada, relembrando algumas das músicas que mais gostava. Descanse em paz! (*) É aposentado do BB.

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