app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5759
Opinião

O ano lend�rio

| Eduardo Bomfim * Domingo passado, o País teve o privilégio de assistir ao clássico carioca Botafogo e América. Desses que misturam História e romantismo. Os alvinegros ganharam a partida e a Taça Guanabara. Significa que estão na final do campeonato ca

Por | Edição do dia 17/02/2006 - Matéria atualizada em 17/02/2006 às 00h00

| Eduardo Bomfim * Domingo passado, o País teve o privilégio de assistir ao clássico carioca Botafogo e América. Desses que misturam História e romantismo. Os alvinegros ganharam a partida e a Taça Guanabara. Significa que estão na final do campeonato carioca. Confesso, há muitos anos não presenciava um pedaço razoável do Maracanã cheio de bandeiras rubras do grande América. Foi uma bela partida, disputada, tensa, emocionante e às vezes dura, cheia de faltas pesadas. A torcida do Botafogo, imensamente superior, lotou o estádio e o empurrou para uma virada espetacular que lhe garantiu a vitória e o título. Poucas vezes, no período recente, as duas agremiações se enfrentaram em uma partida decisiva. No entanto, entre outras, houve uma que marcou época. Durante o campeonato carioca de 1968. Por sinal, um ano que marcou o Brasil e o mundo profundamente. Não chegaria a afirmar, a exemplo de Zuenir Ventura, em seu livro: “1968, O Ano Que Não Terminou”. Nada é eterno. E as grandes ebulições findaram após a edição do famigerado AI5. A luta contra o regime ditatorial continuou sob outras maneiras. Mas nada tinham do período de esperanças e certezas de 1968. Anos cruentos, clandestinidade e tensões. Foram poucos os remanescentes das grandes massas envolvidas no momento anterior. Arriscar a própria vida era algo bastante distinto de enfrentar a truculenta cavalaria e os despreparados agentes da polícia política anterior. A repressão, “científica”. Com ajuda da CIA, ministrando cursos de ação de tortura contra as organizações mais radicalizadas no combate pela liberdade. Milhares no exílio, censura, centenas de assassinados, torturados incontáveis. Outra quantidade imensa espalhada pelo mundo. Um sem número de clandestinos. 1968 marcou época mesmo. Barricadas nas ruas, a liberação feminina. Uma renovação musical varreu o Brasil e o mundo etc. No intervalo do jogo, passaram um documentário: grandes jogadores do tempo, relembraram os Beatles, Caetano em “caminhando contra o vento”, Guevara tombando nas selvas da Bolívia e se transformando em mito até hoje. Lutter King liderava milhões pelos direitos civis nos EUA. No Vietnã, os americanos eram escorraçados. Chico, com músicas de protestos. Um jogo e um intervalo épicos. Para a geração do período e as novas. Como lição. (*) É advogado e secretário estadual de Cultura.

Mais matérias
desta edição