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Nº 5759
Opinião

A liberdade de matar

| Anilda Leão * Nós, que formamos entre os povos ditos subdesenvolvidos, ignorantes, tocaieiros, cangaceiros e coisas que os valham, estamos a assistir, indignados, dentro da nação tida como a mais poderosa e civilizada do planeta, um exército de jovens

Por | Edição do dia 19/02/2006 - Matéria atualizada em 19/02/2006 às 00h00

| Anilda Leão * Nós, que formamos entre os povos ditos subdesenvolvidos, ignorantes, tocaieiros, cangaceiros e coisas que os valham, estamos a assistir, indignados, dentro da nação tida como a mais poderosa e civilizada do planeta, um exército de jovens morrendo, dando as suas vidas, sob as ordens de um mandatário prepotente, arrogante e vaidoso. Aliás, se formos analisar o que está acontecendo atualmente em todo o mundo, chegaremos à conclusão de que estamos avançando rumo a uma hecatombe generalizada. Países inteiros devastados por tragédias naturais, guerras fratricidas em nome de religiões e, em plena Europa, menosprezo e achincalhe às crenças alheias, como se não tivéssemos apenas um Deus para toda a humanidade. Por outro lado, vemos crescer em nosso País uma verdadeira onda de violência e terrorismo, com assaltos, seqüestros os mais ousados, a qualquer hora do dia, até em cidadezinhas outrora pacíficas e bucólicas. Mata-se por instinto, por simples discussões em mesa de bar, entre amigos; matam-se dezenas de pessoas inocentes com grandes carrões dirigidos por verdadeiros loucos embriagados a passar por cima de tudo e de todos que estiverem a sua frente. E tudo fica na impunidade, pois nem um policiamento capacitado nós temos. Paga-se uma fiança e o causador da desgraça volta ao volante de seu carro, pronto para cometer outros crimes. Mesmo que seja condenado, não ficará um só dia atrás das grades. E ficamos nós trancados atrás de cercas elétricas, de muros altos, soltando cães em nossos quintais e jardins. Mas, ao sair para o trabalho, para resolver problemas no banco ou mesmo para ir a um simples cineminha no bairro ou encontrar um grupo de amigos para um lanche, estamos sujeitos a ser vítimas da violência. Quem não tem um amigo ou uma amiga que já não sai mais de casa e tranca-se com ferrolhos, cadeados ou outros sistemas de segurança, ficando confinados em sua moradia, traumatizado, enquanto os verdadeiros bandidos fogem calmamente pelas portas da frente dos nossos presídios? E aqui estamos a mercê dos facínoras, esperando, mas já desesperançados, por um policiamento eficaz, por medidas efetivas que venham a mudar esse estado de coisas. Enquanto isso, só resta à sociedade atemorizada em sair pelas ruas, clamando por justiça para seus filhos trucidados na flor da idade. Que Deus nos acuda! (*) É escritora, atriz e poeta.

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