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Nº 5759
Opinião

O humano numa vis�o heideggeriana

| Jovânia Marques * Desde os primórdios, já existiam estudos sobre o ser, discussão fomentada por alguns pensadores, representantes do existencialismo, os quais receberam influência do pensamento husserliano, dentre estes, podem-se destacar: Martin Heide

Por | Edição do dia 23/02/2006 - Matéria atualizada em 23/02/2006 às 00h00

| Jovânia Marques * Desde os primórdios, já existiam estudos sobre o ser, discussão fomentada por alguns pensadores, representantes do existencialismo, os quais receberam influência do pensamento husserliano, dentre estes, podem-se destacar: Martin Heidegger, Alfred Shutz, Jean Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty. Heidegger, um dos pensadores e seguidores husserlianos, em sua mais célebre obra intitulada Ser e Tempo, objetivou elucidar a estrutura que constitui o Ser. Preocupou-se com a questão do ser e, considerando fundamental a busca do sentido deste Ser, propôs uma analítica da “ex-sistência” humana, a partir do Dasein, ou seja, o ente humano. (Heidegger em todas as suas obras utiliza-se do recurso da hifenação em vários termos, valorizando, assim, a origem das palavras). O Ser deve estar aberto e não fechado para o mundo, pois o humano é um ente singular, situado em tempo e espaço próprios. Como possibilidade pura, é “poder-ser”, ultrapassando e rompendo barreiras, sendo transcendental. Nesse entendimento, na cotidianidade, o homem relaciona-se “ex-sistindo” como “ser-no-mundo”, situação no qual foi lançado. São consideradas suas possibilidades de adaptar-se, com determinismo, em sua convivência com os demais entes e no constante desafio de ser presente e “pre-sença”. Quando estabelece consigo uma relação de questionamento, caracterizando-se pela busca do sentido que suas vivências podem representar para si mesmo, assim como para os outros. A reflexão sobre o Ser, a partir da perspectiva heideggeriana, possibilita-nos “ser-com-os-outros” no modo de ser autêntico, o que nos conduz a uma possibilidade de crescimento pessoal e, por que não dizer, sobremaneira, profissional. Sobretudo, diante da possibilidade de despertar, em cada um de nós, a abertura para a compreensão do nosso semelhante em sua subjetividade, valorizando-o e considerando-o em sua vivência, a seu modo próprio, único e singular. Refletir sobre o Ser é mais que uma missão pessoal, pois representa, de modo especial, reconhecer a nossa “ex-sistência” e a necessidade premente de “re-valorizarmos” as relações humanas. Diante dessa possibilidade, as relações humanas poderão alcançar seu verdadeiro sentido, considerando a condição do Ser. Como enfermeiras docentes, defendemos de modo ético que cada ação e decisão profissional deva estar voltada para o cuidar atentivo e acolhedor, valorizando a compreensão do outro em suas limitações e acreditando em suas possibilidades de crescimento. (*) É enfermeira e professora da Ufal.

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