Santos, s�bios e sadios

| Dom José Carlos Melo, CM* Os evangelistas, repetidas vezes, nos apresentam Jesus contemplando a beleza dos trigais maduros sacudidos pelo vento em dia de sábado, enquanto os discípulos começavam a abrir caminhos arrancando espigas para comer. São searas cheias de encanto e poesia que falam à alma de qualquer pessoa convidando à reflexão e ao encontro com Deus na oração. Mateus, porém, dá um enfoque pastoral a este encontro de Jesus com a natureza: ao ver a multidão, Ele teve compaixão dela, porque estava cansada e abatida como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos: ?A colheita é grande, mas poucos os operários! Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita? (Mt 9, 36-37). Pedimos sacerdotes ?santos, sábios e sadios? para o enriquecimento da seara do Senhor, pois, toda missão sacerdotal do consagrado é uma oferta total ao próprio Cristo, o oferecimento do dom está inserido num sistema de trocas em que há uma necessidade de oferecer, aceitar e retribuir. É um sistema que está na raiz e na visão do mundo de muitos povos. Este sistema define o princípio da relação com os outros. Quando se fala em ?sistema?, entende-se uma estrutura que está na raiz do processo cultural e da construção da identidade. Junto com a dádiva de si mesmo, há toda uma força inerente a ela, quase uma obrigação de ser oferecida, mas também aceita e retribuída. Aí está ser o verdadeiro aspecto do missionário, o dom que carrega consigo deve ser trocado por outro dom que é oferecido pelos diferentes povos e culturas. O Presbiterorum Ordinis, documento conciliar que trata do presbiterado na Missão da Igreja, em seu primeiro capítulo, assim se expressa: ?O Senhor Jesus, a quem o Pai santificou e enviou ao mundo tornou participante todo o seu Corpo Místico da Unção do Espírito com que ele mesmo tinha sido ungido; n? Ele, com efeito, todos os fiéis se tornam sacerdócio santo e real, oferecem vítimas a Deus por meio de Jesus Cristo e anunciam as virtudes d?Aquele que os chamou das trevas para a sua luz admirável. Não há, portanto, nenhum membro que não tenha parte na missão de todo o corpo, mas cada um deve santificar Jesus no seu coração e dar testemunho de Jesus em espírito de profecia.? Não por vaidade pessoal, mas com sincera gratidão ao Senhor, posso afirmar de coração alegre os novos números de Sacerdotes e Diáconos que somam as fileiras do nosso clero: São 76 sacerdotes diocesanos, 15 religiosos e 23 diáconos. ? Dai-nos, Senhor, sacerdotes santos , sábios e sadios?. (*) É arcebispo metropolitano de Maceió.