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Nº 5759
Opinião

A quaresma

| Dom José Carlos Melo, CM* No dia primeiro deste mês celebramos a Quarta-Feira de Cinzas, início de um tempo forte para a Igreja Católica, chamado “Quaresma”. É um período de quarenta dias. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espirit

Por | Edição do dia 05/03/2006 - Matéria atualizada em 05/03/2006 às 00h00

| Dom José Carlos Melo, CM* No dia primeiro deste mês celebramos a Quarta-Feira de Cinzas, início de um tempo forte para a Igreja Católica, chamado “Quaresma”. É um período de quarenta dias. Trata-se de um tempo privilegiado de conversão, combate espiritual, jejum e escuta mais intensa da Palavra de Deus, em preparação para a Páscoa do Senhor. Na Igreja Antiga, este era o tempo no qual os catecúmenos (adultos que se preparavam para o batismo) recebiam os últimos retoques em sua formação para a vida cristã. Com o passar do tempo, todos os batizados em Cristo começaram a participar deste clima, tanto para unir-se aos catecúmenos, como para renovar em si a graça de seu próprio batismo e o fervor da vida cristã, preparando-se para a Páscoa. O período quaresmal nos leva às seguintes práticas, como meios que ajudam a conversão: a oração, a penitência, a esmola, a leitura da Palavra de Deus. Na vida de oração, o cristão se aproxima mais intimamente a cada dia do mistério de Cristo ressuscitado. Somos convidados a percorrer os caminhos do Mestre Jesus com o exercício da via-sacra às sextas-feiras, e, aprofundando melhor nossa espiritualidade, nos é apresentado o saltério, ou seja, a recitação dos Salmos. A penitência é uma característica própria deste período, e todos os dias, exceto os domingos, são marcados pela penitência. Somos convidados a escolher uma pequena prática penitencial para este tempo. Na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão, a Igreja nos aconselha a praticar o jejum e a abstinência, que necessariamente nos faz recordar nossa fragilidade e a entendermos a vida como dom de Deus, que deve ser vivida em união com Ele. A esmola é na realidade a expressão de um forte empenho de caridade para com os irmãos. A liturgia fala de “assiduidade na caridade operante”, de “uma vitória sobre o nosso egoísmo que nos torne disponíveis às necessidades dos pobres”, à privação à qual o cristão é chamado durante a Quaresma, inclusive através do jejum corporal. Exige que seja sentida como exigência da fé para tornar-se operante na caridade para com os irmãos. De fato, o jejum não tem significado em si mesmo, mas deve ser um sinal de toda uma atitude de justiça e caridade. O espírito quaresmal deve, portanto, penetrar nossa vida pessoal e estar presente em nossa ação pastoral. Todos nós como Igreja precisamos valorizar este tempo da Quaresma, atendo a exortação do Apóstolo Paulo: “ É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”. (*) É arcebispo metropolitano de Maceió.

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