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Nº 5759
Opinião

Quando surge o medo

| Dom Fernando Iório * Todos temos medo, ou já sentimos medo de enfrentar grandes empreendimentos, altas responsabilidades, situações difíceis que aparecem em nossas vidas. Existe, entretanto, aquele medo que nos envolve, sem motivo algum preciso e conc

Por | Edição do dia 07/03/2006 - Matéria atualizada em 07/03/2006 às 00h00

| Dom Fernando Iório * Todos temos medo, ou já sentimos medo de enfrentar grandes empreendimentos, altas responsabilidades, situações difíceis que aparecem em nossas vidas. Existe, entretanto, aquele medo que nos envolve, sem motivo algum preciso e concreto. Trata-se, de fato, de um conjunto de sensações negativas, indefinidas a envolver a cabeça, o estômago, paralisando-nos e nos anulando por dentro. O medo parte do pensamento, da mente, difundindo-se rapidamente por todo o corpo. Por paradoxal que pareça, não existe o medo. Trata-se de mera abstração: nada mais é do que um conceito. Se tivéramos de emprestar alguma definição ao medo, diríamos que é o espaço que vai do pensamento à ação. Com efeito, é, sobretudo, no componente da ideação e na atividade do pensamento que se estagnam numerosos bloqueios, inumeráveis resíduos neuróticos acumulados durante o desenvolvimento psíquico da pessoa que vão constituindo os fantasmas que dão origem ao medo. Quem desejar vencer a sensação do medo deve agir logo após o desencadear do pensamento. Tudo deve ser desencadeado não por impulsividade, mas como num projeto. Projetar e planejar é característica exclusiva do ser humano, porque tem ele a capacidade de escolher e de decidir. Entretanto para chegar a tudo isso, é necessário ter coragem. Viver é ter coragem de projetar e realizar idéias, enquanto agir é verificar o pensamento. É bem, lembremos aqui o aforismo: “O medo bate à porta, a coragem vai abri-la e nada encontra”. Os seres humanos estão nadando em um mar de medo: medo de perder o emprego e, talvez, nunca o percamos, porque ter medo é uma ideação: se tivermos a coragem de evitar que o pensamento se transforme em ação, verificaremos que nada existe a não ser no pensar. Medo de contrair o câncer e, de fato, acontece que nunca seremos cancerosos, porque ter medo está no pensamento. Ter medo de ser seqüestrado e pode acontecer nunca sermos seqüestrados, porque ter medo parte do pensamento, é algo abstrato, sem existência concreta. O importante é não lutar por algo que não existe. Ser previdente, no entanto, é necessário. Ter coragem é ser previdente, já que ter medo é pensar em algo que pode ou não acontecer. (*) É bispo de Palmeira dos Índios.

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