Depois da ressaca
| Luiz Barroso Filho * Aqui, nos últimos 5 ou 6 anos, enquanto o pré-carnaval vem apresentando atrações que conseguem empolgar os foliões, com o desfile de dezenas de blocos e troças, a programação oficial do tríduo momesco continua uma das mais inexpres
Por | Edição do dia 07/03/2006 - Matéria atualizada em 07/03/2006 às 00h00
| Luiz Barroso Filho * Aqui, nos últimos 5 ou 6 anos, enquanto o pré-carnaval vem apresentando atrações que conseguem empolgar os foliões, com o desfile de dezenas de blocos e troças, a programação oficial do tríduo momesco continua uma das mais inexpressivas do País. Conforme o entendimento dos responsáveis pelo carnaval de rua em Maceió, a antecipação do desfile das principais agremiações vem ocorrendo porque não temos condições de competir com outras cidades, para onde é grande a evasão de foliões alagoanos. A alegação é reforçada ainda com a idéia de deixar a capital reservada ao descanso do turista que não gosta da folia. O fato é que o carnaval de rua de Maceió, no seu formato tradicional, hoje, resume-se ao Concurso dos Bois, além dos desfiles de três modestíssimas Escolas de Samba e de meia dúzia de pequenos blocos, o que se constitui numa programação medíocre oferecida a uma cidade com uma população de quase um milhão de habitantes. Por isso, a evasão dos foliões para Recife-Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e cidades do litoral norte e sul do Estado. Considerando que o frevo, aos poucos, vem recuperando o prestígio e sendo o responsável pelo sucesso das prévias, graças a contribuição importante do Pinto da Madrugada, Seresteiros da Pitanguinha e dos outros blocos que têm levado milhares de brincantes ao Jaraguá e à Pajuçara, observa-se que, a despeito do posicionamento dos donos da festa, o carnaval de rua em Maceió tem tudo para crescer, contando com o incentivo da iniciativa privada e dos órgãos oficiais de cultura e turismo. Outro elemento ao qual não deve faltar apoio é o Boi de Carnaval - chamado erroneamente de Bumba-meu-boi - que poderá ser transformado na principal atração do nosso carnaval, até com repercussão nacional - se for desenvolvido um trabalho de valorização desse tipo de folguedo, que hoje já apresenta mais de 70 grupos em Maceió. Tratando-se de uma manifestação procedente das comunidades carentes da periferia, seus integrantes, quase todos jovens, merecem uma atenção especial, por meio de ações socioeducativas. Portanto, passada a ressaca de 2006, já é tempo de as pessoas e entidades envolvidas com o carnaval encontrarem uma fórmula de revigorá-lo em 2007, priorizando a programação oficial, para que Maceió participe de maneira digna da maior festa popular do Brasil. Mas convém lembrar que sem investimento financeiro, muito trabalho e paixão não se faz um bom carnaval. (*) É advogado e membro da Comissão Alagoana de Folclore.