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Nº 5759
Opinião

A Mesquita Dourada do Iraque

| Lysette Lyra * O Oriente Médio, segundo a história, é o local onde nasceu a humanidade. Na Turquia, no monte Ararat, dizem, ancorou a barca de Noé. Muitas tribos habitaram essas terras e se mesclaram formando outras raças. Os primeiros povos foram os s

Por | Edição do dia 08/03/2006 - Matéria atualizada em 08/03/2006 às 00h00

| Lysette Lyra * O Oriente Médio, segundo a história, é o local onde nasceu a humanidade. Na Turquia, no monte Ararat, dizem, ancorou a barca de Noé. Muitas tribos habitaram essas terras e se mesclaram formando outras raças. Os primeiros povos foram os semitas que surgiram há 3.000 anos a.C, particularmente os árabes, conquistadores e cultos, que emigraram em grande escala, espalhando-se pela Mesopotâmia, Síria, norte da África, e mais tarde pelo Egito, Absínia, norte da Índia, sul da Europa, sobretudo Espanha e Portugal. O maior povo da Ásia Menor foi o hitita, que 1500 anos a.C. formava um grande Império até XIV XIII a.C. Incluía a Síria e a Palestina, mas depois foi expulso pelos Egípcios. No Líbano viviam os drusos e fenícios; na Síria os maronitas, araneus e cananeus; os persas no Iran e Iraque; na Babilônia os cananeus; na Turquia os kirkises, usbescos e turcomanos que receberam grande influência mongólica. Em 635 d.C., Maomé, o último dos profetas, fundou o Islã. Escreveu o Alcorão que ditava as leis da nova religião, em que só Deus tinha o poder sobre os homens. Pregava a justiça, mas, também, a bondade e a união entre os povos. Dizia que o sofrimento e o sangue das vítimas não alcançavam Deus, mas sua piedade chegava até Ele. Maomé nasceu e foi enterrado em Meca, na Arábia. Logo os árabes se converteram ao islamismo, e depois outros povos do médio oriente, da Turquia e do Egito, da África, da Ásia e da Índia. Dividem-se em sunitas, kurdos e xiitas. Os muçulmanos seguem a orientação de seus chefes que muitas vezes interpretam equivocadamente os ensinamentos do profeta, transformando-se em seguidores fanáticos e maus. Às vezes, estão a serviço de ditadores inescrupulosos que utilizam a religião para praticar seu domínio. No Iraque de Saddan Hussein, sunita, xiitas e kurdos foram cruelmente perseguidos. Agora que esses, em grande maioria, venceram as eleições, a situação do país está à beira da guerra civil, sobretudo depois que um dos quatro templos mais sagrados dos xiitas, a Mesquita Dourada de Askariya, onde estão enterrados dois imãs do século IX, foi destruída por bombas, dizem, pelo grupo terrorista Al-Qaeda. O fanatismo étnico, entre muçulmanos, parece ainda maior que o religioso. Como será difícil implantar uma democracia num mundo que foi sempre dominado por autocratas impiedosos, cuja lei é a tortura e a pena de morte? Essa polêmica constante entre etnias e religião cria um ambiente de eterna discórdia, que dificulta o encontro do caminho do consenso civilizado. (*) É escritora.

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