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Nº 5759
Opinião

Sobre o Dia da Mulher

| Elaine Pimentel * Na semana em que o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher, algumas reflexões podem ser feitas acerca do significado desse dia para o momento histórico que vivemos. Muitos se perguntam sobre o porquê de um dia dedicado às mulhere

Por | Edição do dia 09/03/2006 - Matéria atualizada em 09/03/2006 às 00h00

| Elaine Pimentel * Na semana em que o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher, algumas reflexões podem ser feitas acerca do significado desse dia para o momento histórico que vivemos. Muitos se perguntam sobre o porquê de um dia dedicado às mulheres. Alguns chegam mesmo a contestar a legitimidade de tal homenagem, já que não há um dia dedicado ao homem. Por que homenagear as mulheres, então? Ora, embora tenhamos alcançado inúmeras conquistas no campo da igualdade formal de direitos, ainda temos um longo caminho a percorrer na busca da efetividade dos conteúdos legais. O direito ao voto, o reconhecimento profissional, a inserção da mulher no cenário político e nas grandes instâncias de poder no Brasil e em todo o mundo representam os primeiros indícios de uma transformação cultural das sociedades, mas está longe de um patamar satisfatório de igualdade e respeito à condição feminina. De todos os problemas enfrentados pelas mulheres, talvez a violência seja o mais grave e o mais difícil de ser resolvido, sobretudo porque são muitas as formas pelas quais a violência se manifesta e, na maior parte dos casos, ela ocorre no silêncio dos lares, não chegando, sequer, ao conhecimento da comunidade. Já não estamos mais na época de aceitar o velho ditado que afirma que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, pois violência doméstica é, sim, caso de polícia. Embora problemas dessa natureza não sejam tão facilmente resolvidos, na medida em que envolvem questões emocionais e pessoais, é preciso reafirmar, em especial nas camadas mais carentes da comunidade, que toda forma de violência é absurda e deve ser combatida. No entanto, o termo violência deve ser entendido de uma maneira muito mais ampla, pois além da violência física, as mulheres lidam cotidianamente com a violência psicológica, que envolve desde o preconceito no ambiente de trabalho até a ditadura da beleza e a busca da eterna juventude, ilusão corriqueiramente alimentada pela mídia. A imagem feminina é constantemente agredida, sendo apresentada como mero objeto de consumo. Dessa forma, as mulheres passam por um verdadeiro processo de depreciação e desumanização que, na mesma esteira da violência física, deve ser abominado. O dia dedicado às mulheres tem, assim, um duplo sentido: relembrar as conquistas já realizadas ao longo da trajetória e contribuir para que os episódios de violência e discriminação que ainda fazem parte do cotidiano feminino sejam menos freqüentes. (*) É professora da Ufal e membro do Conselho Penitenciário do Estado de Alagoas.

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