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Nº 5759
Opinião

Os Bentos na hist�ria do papado (3)

| Dom Edvaldo G. Amaral * Após Bento IX, de quem falamos no artigo anterior, em abril de 1058, um irmão do papa falecido, que era bispo de Velletri, com alguns nobres romanos, acompanhado de um batalhão de homens armados, na calada da noite, entrou em Ro

Por | Edição do dia 10/03/2006 - Matéria atualizada em 10/03/2006 às 00h00

| Dom Edvaldo G. Amaral * Após Bento IX, de quem falamos no artigo anterior, em abril de 1058, um irmão do papa falecido, que era bispo de Velletri, com alguns nobres romanos, acompanhado de um batalhão de homens armados, na calada da noite, entrou em Roma e foi aclamado papa, tomando o nome do irmão. Foi Bento X, que não foi reconhecido por S. Pedro Damião, passando à história como antipapa. Os cardeais em Siena no fim daquele ano de 1058 elegeram Nicolau II, que convocou um Concílio para depor e excomungar o antipapa. Bento X submeteu-se ao papa legítimo, foi perdoado e recolheu-se à Basílica de S. Inês, fora dos muros, onde viveu até a morte. Só 250 anos depois, em 1303, é que vamos encontrar na história do papado outro Bento. Após os tempos atribulados da luta de Bonifácio VIII contra o rei da França, Felipe, o Belo, que ele excomungou, um piedoso cardeal chamado Nicolau Bocasini, que estivera ao lado do papa, foi escolhido para suceder-lhe. Tomou o nome de Bento XI e em seu breve pontificado honrou esse nome e a cátedra de Pedro. De ânimo manso, procurou a pacificação geral. Não atendeu à imposição do rei francês condenando seu predecessor, Bonifácio VIII, mas apenas suspendeu a excomunhão que ele infligira a Felipe, o Belo. Pela situação caótica de Roma, o bondoso Bento XI transferiu sua residência para Perúgia, onde faleceu improvisamente a 7 de julho de 1304. Talvez envenenado, opinam alguns historiadores. Venerado pelos fiéis, foi beatificado em 1736. No primeiro conclave realizado em Avinhão (França), para onde o papa se transferira pela triste situação de Roma, foi eleito em dezembro de 1334 um monge cisterciense francês, que tomou o nome de Bento XII. De imediato Bento XII revelou-se um sábio reformador da Igreja com seu zelo e dedicação. Proibiu o acúmulo de cargos eclesiásticos. Baixou corajosas determinações sobre o patrimônio do clero secular e reorganizou as ordens monásticas, proibindo qualquer luxo nos mosteiros, ele que fora monge cisterciense. Com notável cultura teológica, pôs fim à controvérsia teológica sobre a visão beatífica. Buscou a união com os cristãos orientais, sem deixar de elaborar um elenco dos erros dos armênios. Só não pôde atender aos pedidos de um embaixada dos romanos, pedindo a volta da residência dos papas à Cidade Eterna, pela resistência do colégio cardinalício dominado pelo rei francês. A morte o colheu em Avinhão a 25 de abril de 1342. Sua máxima era: “o papa deve ser como Melquisedec, que não tinha pai nem mãe nem genealogia”. (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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