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Nº 5759
Opinião

A ponte que atravessa o rio

| Patrus Ananias * Falar do combate à fome no Brasil requer falar de combate à desigualdade social. Dados do IBGE apontam que 47% dos adultos brasileiros consideram a quantidade de alimentos adquiridos insuficientes para suas necessidades diárias. Isso a

Por | Edição do dia 16/03/2006 - Matéria atualizada em 16/03/2006 às 00h00

| Patrus Ananias * Falar do combate à fome no Brasil requer falar de combate à desigualdade social. Dados do IBGE apontam que 47% dos adultos brasileiros consideram a quantidade de alimentos adquiridos insuficientes para suas necessidades diárias. Isso acontece principalmente por causa de insuficiência de renda. Temos aí um grave quadro de insegurança alimentar, provocado pela perversa associação da pobreza com desigualdade social, e que o Fome Zero quer combater. É importante entender que o Fome Zero não é um único programa, mas uma estratégia definida pelo governo federal para assegurar a todos o direito humano à alimentação, priorizando as pessoas, famílias e comunidades com dificuldade de acesso aos alimentos. A estratégia do governo consiste em implementar, de maneira integrada e articulada, programas, planos e ações emergenciais e estruturais de modo a promover e proteger as famílias pobres, impedindo que elas resvalem para a indigência. Essa estratégia congrega um conjunto de programas e ações do governo federal, beneficiando mais de 50 milhões de pessoas em todo o País, num total de R$ 27,5 bilhões investidos entre 2003 e 2005. Um dos principais programas do Fome Zero é o Bolsa-Família, que está presente em R$ 8,7 milhões de lares pobres. Paralelo ao Bolsa-Família, são direcionadas as políticas de inclusão produtiva - ações complementares e de apoio com objetivo de promover a emancipação econômica dos beneficiários. O incentivo do governo à agricultura familiar é um vigoroso instrumento de fixação do homem no campo. O aumento de crédito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) foi de 192% em relação a 2002 e hoje contabiliza 1,65 milhão de operações de agricultores financiadas pelo programa. Como reforço nessa área, temos o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que já recebeu R$ 461 milhões desde 2003, o que garantiu a compra da produção de 120 mil pequenos produtores e o atendimento de 4,7 milhões de pessoas. Parafraseando o belo poema de João Cabral de Melo Neto, nosso objetivo é construir as pontes para que nossa gente possa cruzar “os vazios da fome”. A dificuldade da empreitada é do tamanho do nosso desafio, mas temos de pensar como Mestre Carpina, aquele que salva o retirante Severino do desespero absoluto: “A miséria é mar largo / não é como qualquer poço / mas sei que para cruzá-la / vale bem qualquer esforço”. (*) É ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

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