Opinião
Os rejeitados - Editorial

Continua a sina dos equipamentos repudiados pela vizinhança. Pelo noticiado ontem, o Distrito Industrial Luiz Cavalcanti não mais receberá a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, cuja transferência para aquela área estava anunciada. Um novo endereço será buscado depois dos protestos da entidade representativa dos empresários do lugar. Ninguém quer o ?lixão? e todos abominam a proximidade de um imóvel rotulado de ?cadeião?. Não há como negar razões em quem protesta contra tais vizinhanças, mas não se pode negar que tais equipamentos são necessários. Equipamentos como ?lixões?, cadeias, delegacias, matadouros e outros têm de ser localizados nalgum lugar e não existe nas proximidades de Maceió nenhum local tão ermo que não tenha vizinhança em suas proximidades. Então, o que fazer? Aí entra em cena o famoso planejamento urbano, esse desconhecido em nosso Estado. A verdade é que continuamos a fazer crescer nossas cidades de forma anárquica, e quando existe algum documento identificado como ?Plano Diretor?, seu habitat é a gaveta. Sem normas, o solo vai sendo ocupado de acordo com as opções individualistas e cada um (rico ou pobre) constrói o que quer, como quer, quando quer. Nessa cultura, as iniciativas governamentais não lhes são destoantes e os ?indesejáveis? podem ser locados em quaisquer lugares. Assim, o atual lixão foi encravado nas proximidades de uma bela praia, perto de mananciais d?água e, apesar das declarações de intenções, não se sabe mesmo para onde será transferido. E o ?cadeião? está prometido para um dos mais fantásticos lugares de Alagoas (Pontal da Barra). Sem um mínimo de planejamento urbano, sem a definição de áreas e usos do solo, o drama dos equipamentos indesejáveis não terá fim ? para prejuízo de todos em Alagoas.