Opinião
Terra e tumultos - Editorial

Novamente, ações dos (vários) movimentos auto-intitulados ?sem-terra? causam prejuízo aos trabalhadores, aos cidadãos e cidadãs, que nada tem a ver com as pendengas entre esses militantes e o governo. Anteontem, cinco carretas foram assaltadas dos alimentos que conduziam e o trânsito foi interrompido em vários pontos das rodovias alagoanas. Segundo os chefes dos ?sem-terra?, o ataque aos caminhoneiros e o cerceamento do direito de ir e vir de centenas de pessoas tinha como objetivo protestar contra o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, que teria ?maquiado números sobre a Reforma Agrária? em nosso Estado e contra um atraso de ?quase quatro meses? na entrega de cestas básicas nos acampamentos. A direção do Incra em Alagoas rebateu as acusações dos chefes dos ditos ?sem-terra? e afirmou que um montante de cestas básicas suficiente para 10 mil famílias estavam devidamente liberadas e apenas esperavam transporte de Salvador a Maceió. Naturalmente, também negou ?maquiagem? nos números oficiais (que, por sinal, têm sido fartamente utilizado na propaganda partidária). Nesse debate ficam claríssimas as motivações político-partidárias de ambos os lados. Chefes dos ?sem-terra? e dirigentes do Incra sacam armas de alto calibre eleitoral. Anunciados pré-candidatos discursam sobre o sucesso dos projetos de assentamentos, apresentando-os como obras de sua lavra, verdadeiros nacos de paraíso na terra. Em resposta, os sem-terra vociferam denúncias contra o Incra e tumultuam a vida de meio mundo como forma de protesto contra seus algozes (não os rotulados como ?latifundiários improdutivos?, mas burocratas-candidatos até pouco chamados de ?companheiros?). E quem paga a conta é o povo, cidadãos e cidadãs que tenham o azar de estar nas terras onde os protestos venham a ser semeados.