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Nº 5759
Opinião

Buenos Aires e Piau

| Jorge Briseno * A Casal atravessa um problema bizarro no alto sertão alagoano. A adutora que abastece o município de Olho D’Água do Casado e o povoado de Piau, localizado em Piranhas, tem parte da sua água desviada pelos integrantes do MST para manter

Por | Edição do dia 31/03/2006 - Matéria atualizada em 31/03/2006 às 00h00

| Jorge Briseno * A Casal atravessa um problema bizarro no alto sertão alagoano. A adutora que abastece o município de Olho D’Água do Casado e o povoado de Piau, localizado em Piranhas, tem parte da sua água desviada pelos integrantes do MST para manter seus sistemas de irrigação. Essa adutora foi dimensionada para atender apenas o consumo humano das localidades situadas entre Olho D’Água e Piau. A irrigação exige vazões muito superiores às vazões necessárias para o consumo humano. Se era difícil abastecer o povoado de Piau nessa época de escassez de chuvas, com o desvio das águas para irrigação pelos acampados, a tarefa torna-se, agora, quase impossível. Enquanto as negociações com os dirigentes do MST prosseguem no sentido de evitar a continuidade da irrigação, a Casal resolveu substituir os atuais equipamentos da estação elevatória por outros de maior potência, aumentando a produção de 80.000l/h para 130.000l/h. Um investimento de R$ 140.000,00. Como os integrantes do MST também não possuem acesso à energia elétrica, estamos, provisoriamente, permitindo que utilizem a nossa subestação de energia próxima ao acampamento. Portanto, enquanto espera a ajuda do governo federal. O que chama a atenção é a completa ausência de Brasília no auxílio aos acampados. A Casal cuida de um assunto de total responsabilidade do governo federal. Ajudamos por questões humanitárias. Para a Casal, quando a dignidade humana é afetada, questões econômicas não devem ser levadas em conta. Curioso é o discurso de algumas lideranças políticas que defendem a privatização como solução para os sérios problemas de abastecimento de água da região. No entanto, não conseguem explicar como a iniciativa privada iria se interessar. Primeiro porque não há mercado nesses lugares e sem mercado não há lucro e, segundo, porque envolve projetos sem viabilidade financeira. Não conseguem perceber que abastecer populações carentes não oferece rentabilidade que atraia investidores e ainda fazer com que sobre dinheiro para o cumprimento de metas sociais. Eles não necessitam do Estado para nada. Podem pagar escolas particulares, seguro-saúde e, se necessário, construir suas próprias adutoras. E ainda sobra um dinheirinho para visitar Buenos Aires e lá verificar o que o presidente Kirchner fez com a empresa privada francesa que operava o serviço de água da cidade. Expulsou-a alegando aumentos tarifários abusivos, não cumprimento dos investimentos prometidos e piora na qualidade dos serviços. (*) É engenheiro e presidente da Casal.

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