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Nº 5759
Opinião

Confraria ou meritocracia

| Mario Jucá * Confraria quer dizer irmandade, continuidade dos valores e constituição de uma identidade de um grupo, faz-nos lembrar a academia, um sistema medieval de confrades, para manter o poder de um grupo. Não confundir com as confrarias culturais

Por | Edição do dia 01/04/2006 - Matéria atualizada em 01/04/2006 às 00h00

| Mario Jucá * Confraria quer dizer irmandade, continuidade dos valores e constituição de uma identidade de um grupo, faz-nos lembrar a academia, um sistema medieval de confrades, para manter o poder de um grupo. Não confundir com as confrarias culturais, que buscam a integração de grupos em torno de um interesse coletivo, a ser compartilhado e degustado em encontros. Como a confraria da cerveja, do vinho, da amizade entre outras. A academia, local da universalidade do saber e da ciência, não pode optar por ser uma confraria, apesar dos vícios impostos ao longo do tempo, se é assim vamos mudar! A época é de inovações e mudanças de atitudes, de reflexões e acima de tudo de quebra de paradigmas em busca da excelência e não da distorção e do sofisma. Imaginem, meus caríssimos leitores, vamos agora definir uma outra palavra essencial para uma academia – meritocracia. Sabem o que significa? Claro, é palavra advinda do grego, significando “governo dos capazes”. O termo refere-se também a qualquer colocação ou posição conseguida por mérito pessoal (Diz-se do processo de seleção para o ensino superior, por exemplo). Eis uma definição livresca, mas o que queremos dizer é que se premia o mérito, que se privilegia o valor, a competência, a intelectualidade, o saber, o conhecimento estruturado e então científico e não o valor estimativo do tempo, próprio dos museus. Poder, meus caríssimos, conquista-se com conhecimento, com padrão de méritos comuns ao seu tempo, hoje o pós-moderno, com todas as suas exigências científicas e tecnológicas. Não podemos aceitar que um professor universitário não tenha currículo Lattes. Isso é quase que um bicho, ou uma nova cepa de vírus, para muitos. Não podemos permitir que os desqualificados e medíocres zombem dos mestres e doutores, porque vivem dedicados às práticas e não precisam produzir nada para ficar onde estão, pelo contrário são até promovidos e premiados pelas confrarias. Justa seria a sociedade que recebesse o trabalho desses acadêmicos e reconhecesse, soubesse como chegaram ali. São muitos os sacrifícios enfrentados para a titulação acadêmica, e só é valida na universidade, porque de lá deverá vir inovações e novos saberes. Queremos uma universidade viva e atenta a todas as mudanças, tratando os diferentes com diferença, todos não podem ser tratados iguais, porque essencialmente, por pricípios não somos. É preciso viver a academia e buscar nela os caminhos para a mudança, que certamente não estão extramuros. (*) É professor de Medicina na Ufal.

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