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Nº 5822
Opinião

Que droga de droga!

SÔNIA SILVA BRITO LIMA * O mundo está em perigo. Interesses econômicos explodem no lado dos mais fracos. É uma tal de droga “empurrando” os jovens (principalmente) para o caos ilusoriamente fantástico, excitante, traiçoeiro, quase sempre sem volta, lembr

Por | Edição do dia 22/05/2002 - Matéria atualizada em 22/05/2002 às 00h00

SÔNIA SILVA BRITO LIMA * O mundo está em perigo. Interesses econômicos explodem no lado dos mais fracos. É uma tal de droga “empurrando” os jovens (principalmente) para o caos ilusoriamente fantástico, excitante, traiçoeiro, quase sempre sem volta, lembrando-me, a propósito, do depoimento de um tóxico-dependente. Dizia o mesmo: “Eu comecei pensando que nunca iria me tornar um viciado. Pensava comigo mesmo: vou ter uma ou duas experiências, mas depois não uso mais. Quando me dei conta, era tarde demais. Considero-me um ser desprezível, um apátrida vivendo numa Pátria, da qual sou indigno”. Entendo o uso da droga como um encontro não fortuito entre um determinado indivíduo com uma determinada substância, num determinado contexto, onde a tolerância se estabelece rapidamente e a dependência é, sobretudo, de natureza psicológica. Para os entendidos, algumas drogas, quando são usadas por via intravenosa, provocam um “flash” mais violento do que os opiáceos, provocando hipertensão, arritmia cardíaca, midríase, palidez, indiferença à dor, perda dos sentimentos familiares, embora, algumas vezes, os efeitos desejados sejam substituídos por ansiedade, pânico, desolação, quando não provocam a morte. Como se não bastassem os efeitos pessoais, a amplitude do fenômeno droga é tal que, outros efeitos perversos se manifestam: o sistema bancário é contaminado pela reciclagem do dinheiro do tráfico; o custo orçamental da luta antidroga aumenta sem cessar; a repressão pela força policial e judiciária não tem contabilizado os resultados esperados, enquanto as áreas para o cultivo da maconha, coca e papoula crescem vertiginosamente, o mesmo sucedendo com a produção das drogas sintéticas. Falar sobre droga na atualidade é moda, compartilhada por amplos segmentos da so-ciedade, na qual uma série de fatores caiu no ostracismo, até porque a presença da droga nos meios sociais nem sempre é um artefato criado por traficantes internacionais, mas que obedece a uma lógica intrínseca (e, às vezes, perversa) ao próprio funcionamento dessa sociedade. A experiência internacional prova que não se torna toxicômano quem quer: o engendramento de drogadições corresponde a um processo complexo onde intervém, além da substância, o contexto sócio-cultural e econômico (com suas pressões e condicionamento múltiplos) e a personalidade do usuário com suas motivações pessoais, conscientes e inconscientes. Enquanto não se reduzir o consumo da droga através de um programa coerente e rígido, continuaremos a conviver com a droga da droga... (*) É PÓS-GRADUADA EM CIÊNCIAS JURÍDICO-CRIMINAIS EM PORTUGAL

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