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Nº 5759
Opinião

Salve

| Eduardo Bomfim * Quando o conforto for a solução mais visível, alguém se lembrar da injustiça entre os homens, e decidir-se pela trilha mais sinuosa e longa, salve. Sem perder a flexibilidade, a tolerância, porque a sociedade e os seres humanos são com

Por | Edição do dia 07/04/2006 - Matéria atualizada em 07/04/2006 às 00h00

| Eduardo Bomfim * Quando o conforto for a solução mais visível, alguém se lembrar da injustiça entre os homens, e decidir-se pela trilha mais sinuosa e longa, salve. Sem perder a flexibilidade, a tolerância, porque a sociedade e os seres humanos são complexos e contraditórios, optar pelos deserdados, então, salve. Clamar pela solidariedade, invocar a bondade, buscar soluções para além do seu interesse ou grupo. Não ceder à tentação de se abater perante as iniqüidades que proliferam em nossa pátria, salve. Resistir aos argumentos dos descrentes, carregados de ceticismo, salve. Perceber na História os períodos de grandezas e realizações e outros que de tão apequenados não valem um dia, salve. Mesmo assim, persistir com demais em busca do sol ou da lua cheia, porque essas são as épocas propícias às mãos dadas, erguendo coletivamente o novo, salve. Forjar sentido de vida quando prolifera o desprezo, a mágoa, a dor ou o despeito, salve. Buscar superar-se em seus defeitos, aperfeiçoar algumas virtudes e doá-las à comunidade que clama por novos tempos, muito bem, salve. Ousar pensar e repensar, arquitetar novas terras aradas, semeadas de fartura, trigo e pão, salve. Proclamar as palavras que são bálsamos para as feridas abertas nas veias dos que sofrem e passam fome, salve. Não se cansar de pregar que um mundo melhor é possível e necessário, salve. Conclamar a união dos que lutam, juntar os desgarrados com a paciência consciente, salve. Fazer ver que a riqueza é construída pelos homens. E sendo assim, algo anda errado na distribuição do feijão, do macarrão. Que a despensa vazia não é culpa do destino, ou incompetência das mãos calejadas. Mesmo que a tirania da desesperança vença uma, duas vezes, jamais se abater, salve. Não se recolher e pregar no deserto. Ao contrário, buscar as ruas, os bairros, as cidades onde vivem os homens, as mulheres, ciente de que não é dono da verdade e com os pobres aprender as lições da sobrevivência, salve. Saber dos poetas, artistas como chegar aos corações endurecidos, na mágica de ouvir risos, alegria, como quem atinge com sopros certeiros, olhos secos que já não vertem lágrimas. Sim, porque esse milagre acontece todos os dias, desencantando vidas que só conhecem noites sem estrelas e agruras infinitas. Mesmo quando chamado de crédulo, não desistir. Salve. (*) É advogado.

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