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Nº 5759
Opinião

Pa�s de trambiqueiros

| RONALD MENDONÇA * Em 1971, ainda de ressaca pela comemoração da formatura em medicina, receberia intrigante telefonema de um conhecido que trabalhava em corretagem, informando que eu havia sido contemplado com um prêmio concedido por uma seguradora, a

Por | Edição do dia 08/04/2006 - Matéria atualizada em 08/04/2006 às 00h00

| RONALD MENDONÇA * Em 1971, ainda de ressaca pela comemoração da formatura em medicina, receberia intrigante telefonema de um conhecido que trabalhava em corretagem, informando que eu havia sido contemplado com um prêmio concedido por uma seguradora, a Aplub, se não me engano. Confirmando o adágio que garante “que de esmola grande o cego desconfia”, o “prêmio” nada mais era que um plano de seguro de vida sem qualquer cláusula especial a não ser as condições previstas para alguém de 23 anos de idade. Com a perspectiva de ficar longe de Maceió durante alguns anos, pensei nas armadilhas que poderiam estar a minha espera alhures, pensei na minha filha de um ano, terminando por encarar as prestações. Não se falava de computador pessoal, mas a era do telemarketing estava sendo inaugurada. Espécie de alvo preferencial (ou vítima) de corretores, passei a sofrer verdadeira perseguição. Na época da inflação cavalar, lembro bem de um sujeito de olhos esbugalhados e de barriga de deputado que vinha do Recife a cada 3 meses me convencer a mudar de faixa. Um chato insistente. Na esperança de ter uma velhice menos apertada, deixei-me seduzir pelo Montepio da Família Militar, cujos carnês amarelos até há pouco tempo inutilmente guardava. Vivendo numa ditadura militar, como poderia imaginar que uma instituição ligada aos donos do poder daria com os burros n’água, fechando as portas por má administração. Um dia os carnês ficaram obsoletos. A moda passaria a ser desconto em folha, facilitando sobretudo a vida dos falsários. Com a falência do Montepio, resolvi pagar um plano da Federal de Seguros, afinal estava passando de jovem para maduro... Anualmente uma senhora de ar sombrio me entregava um certificado, aproveitava o ensejo e propunha atualizar valores. Tudo muito profissional. De repente, a distinta profissional foi substituída por gente mais jovem, mais falante, influenciando minha decisão de sair da Federal. Por conta de manobras escusas meu raquítico contracheque viraria o paraíso dos corretores. Valia mais morto do que vivo. Esta semana fui surpreendido com um novo desconto não autorizado, patrocinado pela Federal de Seguros. Seguindo orientações, fui atrás do escritório da seguradora aqui em Maceió. A surpresa maior foi constatar que nem representantes a tal seguradora mantém no Estado. (*) É médico e professor da Ufal.

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