E a economia? - Editorial
Implodido o mais visível, e supostamente mais poderoso, ministro do governo Lula, alguns questionamentos deveriam ganhar destaque, buscando outras respostas além das exclamações de indignação disparadas em função dos escândalos de variados tipos. Um bala
Por | Edição do dia 09/04/2006 - Matéria atualizada em 09/04/2006 às 00h00
Implodido o mais visível, e supostamente mais poderoso, ministro do governo Lula, alguns questionamentos deveriam ganhar destaque, buscando outras respostas além das exclamações de indignação disparadas em função dos escândalos de variados tipos. Um balanço sério, ponderado, dos resultados do governo Lula precisa ser feito são necessárias avaliações distanciadas da busca de efeitos eleitoreiros, até para se buscar correções de rumos no próximo quadriênio, independente de quem quer que seja eleito para o Palácio do Planalto. O momento é adequado para aprofundar a discussão acerca da política econômica executada de forma inflexível, invulnerável a aparentemente tudo, impermeável inclusive aos efeitos da queda do ministro-fiador. O que o governo Lula deixará para a posteridade? Definhou o Fome Zero, fortaleceu-se o Ética Zero, feneceu a Reforma Agrária, o desenvolvimento foi sacrificado em benefício da continuidade da política econômica de FHC. Legará Lula alguma herança bendita? Um dos mais respeitados economistas da atualidade, Joseph Stglitz, foi enfático ao avaliar que o presidente brasileiro corre o risco de ter investido os últimos anos em ganhar credibilidade no mercado financeiro sem nunca atingir um crescimento econômico que compense o sacrifício. Se esse sacrifício não vier a ser compensador, a coisa está péssima, pois em todos os demais campos a situação está terrível e piora dia após dia. Mais cedo ou mais tarde (certamente mais cedo que se pensa), um balanço será inapelavelmente realizado. E aí, terá valido a pena manter, a ferro e fogo, a política econômica dos tucanos? Os escândalos que abalam o governo Lula, ao ocupar todos espaços de mídia, estão causando mais um prejuízo a Nação: calar a discussão acerca da política econômica brasileira nos últimos anos.