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Nº 5814
Opinião

Medidas ideais

Vários especialistas disseram, ontem, durante um debate no encerramento do Seminário Internacional Bolsa-Escola, em Brasília, que esse e outros programas de transferência de recursos não vão, por si só, erradicar a pobreza. Ao mesmo tempo, eles destacaram

Por | Edição do dia 23/05/2002 - Matéria atualizada em 23/05/2002 às 00h00

Vários especialistas disseram, ontem, durante um debate no encerramento do Seminário Internacional Bolsa-Escola, em Brasília, que esse e outros programas de transferência de recursos não vão, por si só, erradicar a pobreza. Ao mesmo tempo, eles destacaram a necessidade de políticas públicas para tornar as famílias auto-suficientes. Enquanto isso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo, reduz a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano, de 2,5% para 2%. E diz que a retomada do crescimento depende de uma melhora na renda média dos brasileiros e de sinais mais positivos para as taxas de juros e crédito, que estimulariam o consumo. Não há como deixar de reconhecer que o verdadeiro desenvolvimento somente será possível nos países com crescentes desigualdades sociais, como o nosso – que tem 54 milhões de pobres e 23 milhões de indigentes – com medidas realmente destinadas ao combate do desemprego e a melhorar efetivamente o poder aquisitivo da maioria dos trabalhadores, que acabem com os altos índices de mortalidade infantil por desnutrição e geral em decorrência do crescimento da criminalidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000, ainda cerca de um terço da população do País (31,4%), com mais de dez anos de idade, considerada analfabeta ou analfabeta funcional – não completou a quarta série do ensino fundamental. As providências nas áreas sociais e econômicas não produzirão os resultados de há muito esperados sem maiores investimentos na melhoria do ensino e para a capacitação de expressiva parcela dos trabalhadores urbanos e, principalmente, rurais. Em dezembro do ano passado, a Folha de São Paulo já publicava dados de dois estudos, então inéditos, mostrando que 66% das pessoas empregadas contratadas em 2001 foram do sexo masculino contra 34% do feminino. Mais da metade (55%) do total de admitidos no mercado formal tinha entre oito e 11 de escolaridade. Outros 8,2% não ficaram mais do que quatro anos na escola e um em cada cinco (20%) que obtiveram uma vaga estudaram de quatro a oito anos. As mulheres tiveram mais dificuldades para voltar à ativa do que os homens. Mais de 84% dos que voltaram ao “batente” foram jovens com até 24 anos.

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