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Nº 5759
Opinião

Globaliza��o buc�lica

| Sérgio Costa * Se viva estivesse, Carmem Miranda ainda estaria difundindo nossa música por esse mundo afora. Sei também que ela gostaria de representar não só produtos agrícolas, mas algo que agregasse mais valor a nossa economia. Nesse aspecto, nossa

Por | Edição do dia 23/04/2006 - Matéria atualizada em 23/04/2006 às 00h00

| Sérgio Costa * Se viva estivesse, Carmem Miranda ainda estaria difundindo nossa música por esse mundo afora. Sei também que ela gostaria de representar não só produtos agrícolas, mas algo que agregasse mais valor a nossa economia. Nesse aspecto, nossa “embaixadora” estaria bastante chateada. Explico criando uma imagem da globalização. Imaginemos que o planeta terra fosse o mercado global e, os países, gigantescos shopping centers. Não sobra dúvida de que próspero seria aquele que estivesse sempre patenteando novas invenções, perseguindo melhor qualidade, menor custo e vendendo pelo menor preço. E que a recíproca seria terrivelmente verdadeira, ou seja, quem não vendesse ou vendesse sem agregar valor estaria fadado ao insucesso. Essa realidade não nos permite viver das reminiscências de um sonho que não se concretizou. Poderíamos ser o celeiro do globo terrestre? Poderíamos. Daria orgulho? Daria. Mas não dá mais para vender aipim e comprar cabos e fibras óticas! Haveremos de ser competitivos e cada vez mais auto-suficientes. Mas isso não é nada fácil de alcançar. Além de muita disposição para o trabalho, três são as exigências indispensáveis para o país que pretende ingressar em pé de igualdade numa competição onde está em jogo não apenas o ato trivial de comprar e vender, mas o poderio das nações. Primeira: investimentos governamentais e privados em ciência e tecnologia, a fim de que a sociedade possa criar novos produtos, bem como agregar valor as suas matérias-primas. Um exemplo: exportar aço, em vez de minério de ferro, gera mais empregos. A propósito, será que a nossa Salgema vende matéria-prima, gerando emprego no Estado destinatário? Segunda: juros competitivos, desoneração tributária dos produtos destinados à exportação e desburocratização administrativa. Terceira: cobrança implacável dos impostos e acompanhamento incansável na sua aplicação. Porém, é lamentável constatar que nossa sociedade ainda não enxergou os caminhos do desenvolvimento. De fato, o aipim tem fibras, mas falta ótica aos nossos governantes. Parece que eles ainda não conseguiram tirar da retina a imagem de Carmem Miranda, que, com belas pernas e muito charme, diga-se, fazia propaganda das nossas bananas, laranjas e abacaxis. O tempo mudou, e eles ainda estão naquela de ficar apenas implorando corte de subsídios agrícolas dos países ricos. Talvez ainda acreditem que exportando matérias-primas possamos competir com altas tecnologias e atenuar a péssima qualidade de vida do nosso povo! (*) É contador.

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