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A pra�a � do povo, como o c�u � do condor

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| SÉRGIO COSTA * Quando o poeta Castro Alves se foi, perdemos um intransigente defensor da liberdade. Ficou uma lacuna, jamais preenchida. Imagine um vaso sem flor, um arco sem fecha, um povo sem norte. Assim ficamos depois da sua partida. No período do Brasil colônia, quando cerceavam o direito de as pessoas se reunirem nas praças, ele se insurgia contra os tiranos: ?A praça é do povo, como o céu é do condor?. A praça era apenas uma referência. Suas palavras mágicas e lancinantes trabalhavam concomitantemente para alcançar dois objetivos opostos. De um lado, exacerbavam a indignação e o patriotismo dos oprimidos. De outro, faziam recuar a fúria devastadora dos opressores, que insistiam em não abrir mão da nossa independência. E ainda insistem, só que hoje seus rostos estão encobertos ou protegidos com a máscara de um sistema político forjado pela hipocrisia. De fato, dizem que conquistamos independência e liberdade, mas ainda não impomos respeito para impedir que nossos impostos paguem R$ 157 bilhões de juros de uma dívida infrutífera e questionável que não para de crescer. Por infinitivamente menos, um milhão de franceses foram às ruas e revogaram decisões de um ministro. É evidente que só encontraremos esses caminhos quando expulsarmos o analfabetismo político do nosso convívio. Aí, sim, sairemos de casa para mostrar que quem deve governar a república somos nós. No momento, estamos dormindo um sono profundo. Há várias explicações para esse conformismo. Citarei uma. Recentemente, 98% das pessoas entrevistadas pela Folha de São Paulo não souberam responder o que é tributo. Ora, não há dúvida de que a ignorância cega o homem, bem como anula parcialmente sua liberdade de ação. E, quando a cegueira é coletiva, surgem estímulos à impunidade, à corrupção e a tirania. Com efeito, quem não sabe o que é e porque paga tributos não tem consciência política e jamais saberia usar sua soberania para ir às praças defender o que não sabe que tem. No fundo, estão fazendo uma maldade muito grande com o povo brasileiro. Explico: sabe-se que o conhecimento acorda o homem do sono letárgico. Mais do que isso, estimula sua capacidade de estranhamento, fazendo com que a consciência trabalhe por conta própria. Mas os condutores da nossa política preferem deixá-lo às escuras. Alienar o povo brasileiro, esse deve ser o estratagema. Livre como o condor, Castro Alves não hesitaria em fazer uma revolução contra os tiranos dos períodos democráticos. (*) É contador.

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