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Nº 5759
Opinião

O mission�rio

| Dom José Carlos Melo, CM * Vivendo o mês de outubro dedicado às missões, a Igreja retoma o compromisso da ação missionária que nos leva a compreender nosso papel como missionário na seara do Senhor. Retomando o Evangelista Mateus, o missionário é aquel

Por | Edição do dia 15/10/2006 - Matéria atualizada em 15/10/2006 às 00h00

| Dom José Carlos Melo, CM * Vivendo o mês de outubro dedicado às missões, a Igreja retoma o compromisso da ação missionária que nos leva a compreender nosso papel como missionário na seara do Senhor. Retomando o Evangelista Mateus, o missionário é aquele que oferece e recebe dons. “De graça recebeste, de graça daí” (Mt 10,8 ). É sempre visto como alguém que oferece um “presente”: o dom que recebeu de Deus e que quer oferecer aos outros. Há uma força que empurra o evangelizador a comunicar essa dádiva, é um poder inerente ao mesmo dom que deve ser transmitido e nunca guardado. A felicidade de ter recebido o dom de Deus é tão grande que impulsiona o missionário a querer partilhar essa alegria. “Ai de mim, se eu não evangelizar”, afirmava o Apóstolo Paulo. O oferecimento do dom está inserido num sistema de trocas, em que há uma necessidade de oferecer, aceitar e retribuir. É um sistema que está na raiz e na visão do mundo de muitos povos. Este sistema define o princípio da relação com os outros. Quando se fala em “sistema”, entende-se uma estrutura que está na raiz do processo cultural e da construção da identidade. Junto com a dádiva de si mesmo, há toda uma força inerente a ela, quase uma obrigação de ser oferecida, mas também aceita e retribuída. Aí está o verdadeiro aspecto do missionário, o dom que carrega consigo deve ser trocado por outro dom que é oferecido pelos diferentes povos e culturas. O Espírito de Deus já colocou as sementes que enriquecem a experiência da oferenda do missionário. O missionário não é sempre aquele que é obrigado a oferecer, ele também deve receber o dom e permitir ao outro de retribuir. O Projeto Nacional de Evangelização para 2004-2007, que explicita e atualiza as diretrizes, diz que “é hora de um verdadeiro despertar para um entusiasmo missionário”, e que as mudanças rápidas e profundas de nossa sociedade “precisam ser enfrentadas com uma ação missionária e profética da Igreja”. O Regional Nordeste II da CNBB definiu as Santas Missões Populares como ação prioritária entre nós. Precisamos viver todo um processo missionário em atitude de caminhada, de avaliação permanente, com liberdade interior, com desprendimento. A Missão tem de ser encarada como algo que vem para questionar, provocar e iluminar. Há sempre o perigo de adaptar o novo aos esquemas que já temos; aí a novidade se foi. A grande crise que o mundo e as Igrejas atravessam é de sentido, de espiritualidade, de novidade séria, de mística. A ação missionária será então uma resposta a esta crise. (*) É Arcebispo Metropolitano de Maceió.

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