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Nº 5797
Opinião

Ang�stias de m�dico

| Marcos Davi Melo * A situação atual de uma antiga ceifadora de vidas humanas, a tuberculose, foi debatida esta semana na reunião do Conselho Estadual de Saúde. A situação é crítica no Estado, os índices de contaminação e mortalidade são altos e como a

Por | Edição do dia 21/10/2006 - Matéria atualizada em 21/10/2006 às 00h00

| Marcos Davi Melo * A situação atual de uma antiga ceifadora de vidas humanas, a tuberculose, foi debatida esta semana na reunião do Conselho Estadual de Saúde. A situação é crítica no Estado, os índices de contaminação e mortalidade são altos e como a doença acomete mais os pobres e desnutridos e a cobertura assistencial é precária, a tendência é o agravamento da questão. A tuberculose tem cura estabelecida há mais de 50 anos. Já deveria estar erradicada do mapa, mas ressurge endemicamente. É apenas um dos muitos agravos à saúde que se exacerbam, que poderiam já ter desaparecido e ainda matam muita gente, para aflição dos que exercem a medicina com seriedade . Em seguida, a situação do câncer em Alagoas também foi discutida. A representante da Sesau reconheceu a insuficiência de recursos para uma adequada cobertura dos procedimentos. Pelo menos tivemos uma discussão saudável com os conselheiros (muitos deles combativos sindicalistas vinculados ao PT) sobre as imensas dificuldades, dentro dos moldes atuais, para se oferecer uma medicina ampla e digna para os usuários do SUS. Para surpresa geral, um combativo sindicalista criticou acerbamente o Bolsa-Família, carro chefe da reeleição de Lula: “É esmola prejudicial, porque vicia o cidadão em comer sem trabalhar!”. Os médicos dedicaram esta semana à comemoração de seu dia, 18. Houve palestras, debates, entrevistas, e também algumas confraternizações. Para a maioria dos que trabalham nas trincheiras de luta com os pacientes do SUS, não existem motivos para festas, a cada dia as dificuldades aumentam: restrições de internamentos para pacientes graves, limitações de exames, cortes de pagamentos, que já são aviltados, por procedimentos realizados antes com critério e dedicação. O SUS real é muito diferente da fantasia apregoada impudentemente por Lula. É uma realidade de muitas angústias, que só é amenizada para os médicos, quando recebemos dos nossos pacientes a confirmação de que os nossos esforços redundaram no alívio de seus tormentos, na cura de suas dores, no controle de sua doença. No Brasil do SUS verdadeiro a prática da medicina a cada dia se aproxima mais da descrita por Pedro Nava: “É instável, é a construção duma cidade sobre solo em terremoto permanente”. Para prosseguirmos, sem frustrações desmotivadoras, é indispensável termos a firme convicção de que de nossa parte fazemos o máximo pelas pessoas que nos procuram, para beneficiá-las com o maior de seus patrimônios, a sua saúde e a sua vida. (*) É médico e professor da Uncisal.

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