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Nº 5759
Opinião

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Por | Edição do dia 10/11/2006 - Matéria atualizada em 10/11/2006 às 00h00

| Dom Edvaldo G. Amaral * Acaba de ser nomeado pelo Santo Padre Bento 16 o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, para o relevante cargo, na Santa Sé, de Prefeito da Congregação para o Clero. É o órgão da Igreja que, em nome do Papa e em íntima comunhão com ele, acompanha toda a atividade dos presbíteros e diáconos, sua formação, inicial e permanente, o exercício de seu ministério, a pastoral vocacional, os tristes pedidos de dispensa do exercício do ministério e outros problemas que possam afetar a ação pastoral de padres e diáconos, enfim, tudo o que se refere, do ponto de vista eclesial, à vida e ao ministério dos presbíteros e diáconos. O Cardeal Hummes, como seu nome de família está a indicar, é filho de imigrantes alemães. Por muita sorte dele, nasceu em 1934 em Montenegro, a 100 quilômetros de Porto Alegre, nesta terra tupiniquim mesmo. Digo “muita sorte mesmo”, porque se tivesse nascido na terra de seus antepassados, a Alemanha - que agora doou à Igreja este grande Pontífice, que é Bento 16 - o Card. Hummes podia ser bispo de Roma, isto sim, mas jamais arcebispo de São Paulo. Mas, por que não? É que me disseram uns amigos - nunca li nem ouvi nada de oficial, nem de algum Núncio, nem na Santa Sé - que no Brasil para ser arcebispo nas capitais, precisa ter nascido aqui mesmo, em Pindorama. Mesmo se for naturalizado brasileiro, também não vale. Precisa que o Registro civil original diga que o candidato nasceu e foi registrado em algum cartório da terra tupi-guarani! Pesquisei com cuidado... Não existe nenhuma afirmação teológico-dogmática, nenhuma orientação moral, nenhuma determinação do Direito Canônico que contenha essa esdrúxula exclusão. A Concordata do Governo italiano com a Santa Sé estabeleceu que os párocos e os bispos da Itália (menos o de Roma - está lá escrito..) devem ser italianos. Isto porque o Governo da Itália fá-los participantes do famoso imposto “otto per mille” (0,8 %). No Brasil Império, pela lei do padroado, os bispos (não sei se os párocos) eram sustentados pelo Imperador com as famosas côngruas, que eram tão exíguas e só serviam para tornar os pastores da Igreja sujeitos à Coroa Imperial. Mas não me consta que algum Pedro II esteja por aí pagando algo aos arcebispos das capitais brasileiras... Assim acontece que Arquidioceses fiquem anos, sem segura orientação pastoral, à espera de um pastor nascido aqui mesmo. Se é verdade, é lamentável... (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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