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Nº 5759
Opinião

Momentos de desespero

| Milton Hênio * Estamos assistindo com certa preocupação o desespero dos funcionários públicos de Alagoas, conseqüência de ordenados não remunerados. As praças da cidade têm ficado cheias de funcionários. Gente que não era para estar ali – policias mili

Por | Edição do dia 21/01/2007 - Matéria atualizada em 21/01/2007 às 00h00

| Milton Hênio * Estamos assistindo com certa preocupação o desespero dos funcionários públicos de Alagoas, conseqüência de ordenados não remunerados. As praças da cidade têm ficado cheias de funcionários. Gente que não era para estar ali – policias militares e civis – pois têm compromissos disciplinares; professoras e viúvas que não têm temperamento para violência nem gostam de confusão. Mas estavam em desespero por causa da falta de dinheiro. Todos querem uma solução de paz, apesar da agitação. A fome e a falta de dinheiro fizeram a explosão dos sentimentos. Querem uma atitude dos políticos coerente com o momento de angústia. Que diferença dos anos passados quando as despesas e as receitas eram bem organizadas nos Estados Brasileiros! Nos anos 60 – anos dourados da minha vida – eu e um punhado de jovens colegas de faculdade e amigos leais, freqüentadores das rodas de conversas na porta de minha casa, no Parque Gonçalves Lêdo, sonhávamos com um Brasil grandioso ao chegar ao ano 2.000. E tudo levava a crer que isso seria possível. Hoje, passados 47 anos daqueles encontros inesquecíveis da minha juventude, meus colegas de turma e amigos do passado, assistimos entristecidos o desmoronamento daqueles sonhos. Acredito que a mesma coisa sentem todos os jovens dos anos 60. Ficamos profundamente decepcionados ao verificarmos que a realidade econômica atual em nosso País e em nossa Alagoas é cruel e por demais preocupante. Afirma Josué de Castro que “nenhuma calamidade é capaz de desagregar tão profundamente e em sentido tão nocivo a personalidade humana, como a fome”. José Américo de Almeida, grande político paraibano dos anos 40, disse certa vez uma frase de profundo sentido humano: “Miséria maior que morrer de fome no deserto, é não ter o que comer na terra de Canaã”. Jamais pensara eu que um dia, na cidade de Maceió, o povo se aglomerasse e unido gritasse com fome, pedindo justiça. Somos uma população tranqüila, pacífica e bondosa. É a segunda vez que isso acontece de forma evidente. Afirma Josué de Castro que “nenhuma calamidade é capaz de desagregar tão profundamente e em sentido tão nocivo a personalidade humana, como a fome”. Que os próximos capítulos da nossa história alagoana sejam, daqui por diante, recheados de boas soluções, que tragam a paz, o progresso e a harmonia social e que governantes e governados sejam unidos e felizes. (*) É médico ([email protected]).

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