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Nº 5759
Opinião

Os indecorosos

| Luiz Barroso Filho * O casal Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes, preso nos Estados Unidos, recentemente, acusado de prestar declaração falsa à alfândega e de contrabando de dinheiro (cash smuggling), já responde a acusações de este

Por | Edição do dia 26/01/2007 - Matéria atualizada em 26/01/2007 às 00h00

| Luiz Barroso Filho * O casal Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes, preso nos Estados Unidos, recentemente, acusado de prestar declaração falsa à alfândega e de contrabando de dinheiro (cash smuggling), já responde a acusações de estelionato, falsidade ideológica e evasão de divisas, no Brasil. A dupla lidera a seita religiosa Renascer em Cristo, uma das várias congregações intituladas evangélicas que atuam em nosso País, iludindo as pessoas com promessas de curas milagrosas, incutindo conceitos deturpados sobre a doutrina cristã, ditando regras de comportamento que o bom senso não aceita, formando, enfim, uma legião de fanáticos. Mantendo templos espalhados Brasil afora e programas diários no rádio e na televisão, muitas dessas denominações, que arrecadam fortunas com a contribuição dos fiéis, são dirigidas por indivíduos sectários, que atuam como exorcistas e magos, sem uma formação teológica adequada, sempre responsabilizando o diabo e os cultos afro-brasileiros pelos males físicos e do espírito que afligem as pessoas que os procuram. Por isso, estrategicamente, promovem campanhas permanentes contra a umbanda e o candomblé, que ainda sofrem um enorme preconceito, no Brasil, e não detêm o poder político dos evangélicos, que incoerentemente fazem uso de objetos e simpatias, com finalidade “curativa”, nas chamadas “sessões de descarrego”, dessa forma, praticando atos semelhantes aos observados nos terreiros de macumba. O pior é que ao incursionarem no delicado mister da saúde, eles relegam a medicina a um plano secundário, expondo, assim, seus seguidores, geralmente pessoas de baixa renda e de pouca instrução, a graves riscos, uma vez que apenas recorrem a fé como único remédio para a cura de todos os males. O desdém com que são tratadas as questões ligadas as ciências médicas, por essas instituições, pode ser demonstrado no episódio registrado durante um culto numa igreja da periferia de Maceió, na qual o pastor se referindo ao diabetes (doença que se caracteriza pelo distúrbio do metabolismo dos açucares no organismo), sentenciou: “Irmãos, o diabete, como o nome já diz, é uma doença do diabo!” Isso revela, além do fanatismo, a conduta indecorosa dos mercadores da fé, que proliferam por aí, enganando os incautos, em nome de Deus, a exemplo do casal Sônia e Estevam Hernandes, que certamente será punido também pela justiça dos homens. (*) É advogado, membro da Comissão Alagoana de Folclore e da Academia Maceioense de Letras.

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