Meia-maratona e mungunz�

| Marcos Davi Melo * Estávamos no auge da forma física, mesmo com mais de 40 nos costados. Daí, alguns dos que corriam na orla resolveram participar da Meia-Maratona que o coronel Newton Rodrigues, comandante do 20ºBC promoveu na época. Era pleno verão e a partida foi dada às 3 horas da tarde. Tínhamos mais de 21 quilômetros de chão pela frente sob um calor de rachar. O trajeto incluía a saída da Praça Deodoro, depois a Praça dos Martírios, Ponta Grossa, via Cabo Reis, descendo para a Salgema, dali para a Pajuçara, a Ponta Verde e a Jatiúca, voltando pelas Mangabeiras, terminando na Praça dos Martírios. Levei mais de duas horas correndo e suando feito uma chaleira. A temperatura do corpo ferveu e ao fim a sensação era como se tivesse febre de 40º. Dudu, um dos companheiros da orla que não tinha participado da corrida, sempre metido a engraçadinho, esperava na chegada perto do caminhão pipa dos bombeiros; aí, pegou a imensa mangueira e me deu um banho esmagador. Choque térmico imediato e a temperatura do corpo despencou abruptamente. Quando cheguei em casa tremia como vara verde. Foi a primeira e última Meia-Maratona que participei. Amanhã, finalmente, vamos ter a Primeira Meia-Maratona Oficial de Maceió e abnegados corredores estarão participando, como o Djalma Melo, que garante que vai bater o recorde. Neste sábado, vamos ter o Mungunzá do Pinto da Madrugada. É uma de suas prévias mais originais. Para mantermos a tradição vamos ter alguma brincadeira, além de frevo e marchinha, o que já seria suficiente para animar o ambiente. Como este ano se comemora os cem anos de nascimento do Frevo, o convidado especial para o Mungunzá é o saudoso passista Moleque Namorador, que vai descer do céu, onde está muito bem, mas sente saudades de carnaval e de mungunzá. Dizem que o Moleque Namorador vai cantar a marchinha do João de Barro: ?Vai, com jeito, vai, senão um dia, a casa cai (Menina!)?. É porque aqui há tempos, com a cultura corporativa estatizante reinante e a gastança desenfreada de recursos públicos a casa está muito desarrumada, rachada, sem fundos e precisa de soluções amargas, senão a casa cai, mesmo, (menina!). É por estas e outras que o Moleque Namorador vai comer mungunzá, vai fazer o passo com frevo, matar a saudade e vai voltar logo pro céu, onde o Chefe já tomou todas as medidas necessárias para enxugar a máquina e dar condições de vida melhores para toda a população e não só para alguns poucos escolhidos. Lá a coisa é muito séria, por isto tem paz e sossego. (*) É médico e professor da Uncisal.