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Nº 5759
Opinião

Carnaval e novos tempos

| Milton Hênio * O carnaval de hoje já não faz parte do meu programa de vida. E acredito que de muita gente na minha faixa de idade. É que o tempo passou e ficamos satisfeitos em recordar os carnavais do passado descansando em algum lugar. Os carnavais

Por | Edição do dia 18/02/2007 - Matéria atualizada em 18/02/2007 às 00h00

| Milton Hênio * O carnaval de hoje já não faz parte do meu programa de vida. E acredito que de muita gente na minha faixa de idade. É que o tempo passou e ficamos satisfeitos em recordar os carnavais do passado descansando em algum lugar. Os carnavais dos anos 50 e 60, aqueles que vivi com entusiasmo numa Maceió em que todos se conheciam, eram carnavais em que se misturavam a alegria e o romantismo. Havia lança perfume que servia de início de namoro para muita gente, serpentinas, confetes, o corso pela Rua do Comércio servindo de brincadeira pura, sem violência e sem drogas. E todo mundo brincava feliz, ricos e pobres, unidos pela música do frevo espalhadas pelos quatro cantos do Centro da cidade. E as músicas tinham letras bonitas com toques sentimentais românticos e poéticos: “Eu bem sabia que esse amor um dia também tinha o sem fim, essa vida é mesmo assim”. “Quem sabe, sabe, conhece bem, como é gostoso gostar de alguém”. “Tenho uma coisa para lhe dizer, mas não digo não porque faz mal ao coração”. “Mande embora essa tristeza, mande por favor. Pode ser que esta tristeza mate o nosso amor”. Diferença imensa das letras de hoje sem sentido, vazias e pornográficas até algumas. Felizmente uma boa turma de saudosistas como o meu estimado colega e amigo Marcos Davi e sua simpática turma do Pinto da Madrugada, fazem ressurgir as emoções do passado com o bloco na rua, frevos e marchinhas inesquecíveis e de letras românticas. A turma da minha idade aproveita esses dias para descansar e recordar. É que chegou o tempo da descida da ladeira, tão esperado e tão temido. Tempo de recordações que faz bem ao espírito. As imagens se confundem, a memória despenca de momentos vividos, despreocupados e felizes, onde uma colombina procurava realmente um pierrot apaixonado, com juras de amor, sem pensar só em sexo como nos dias atuais. Hoje é domingo de carnaval. Muita gente vai estar de ressaca sem ter brincado ou bebido. É a ressaca da alma. Tristeza por um amor desfeito, um filho drogado, uma dívida contraída, enfim uma frustração. Como os tempos mudaram! Quando passa o carnaval, tristemente lemos nos jornais os índices alarmantes de prisões efetuadas, de assassinatos, de tentativas de homicídios, de agressões, de roubos efetuados entre os foliões. Aproveitem o carnaval com saúde e paz de espírito e, passados os dias de alegria, vamos esperar que o Brasil melhore, dando saúde e bem-estar ao seu povo. (*) É médico ([email protected]).

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