Escrever...

| Gilberto de Macedo * É ato intelectual que se realiza através da mão, e que consiste em gravar palavras em local apropriado, comumente uma folha de papel. A pessoa projeta-se na escrita. Aí é levada pelos sentimentos e pelas idéias. Supervisionada pela lógica. Isso lhe permite ter consciência do que escreve das intenções e motivos. É um momento de afirmação pessoal, daí a satisfação que causa, razão de Rossi dizer: ?Pensar com o coração e escrever com a cabeça?. Pois, feito com espontaneidade e liberdade, escrever atende a um desejo de se comunicar, daí o bem estar pessoal que suscita. Para tanto, porém, há que se fazer com plena lucidez, clareza e significação. Um ato mental das funções intelectuais superiores, cabendo a lição de Boileau, de que: ?Antes de aprender a escrever, aprenda a pensar?. Sim, como foi dito acima, escrever visa comunicar-se, e isto pressupõe uma estrutura lógica nas frases constituídas de palavras corretas. Eis, porque, escrever é uma riqueza mental. Daí a alegria de se manifestar e a realização inter-pessoal da convivência. Por isso atenção e cuidado. Assim, é ato criativo, de inteira originalidade, desde a forma da letra, a tal ponto que serve para identificar a pessoa, através da caligrafia. E, sobretudo, original pelo que dizer na forma de se expressar no estilo peculiar do autor, onde o emprego das palavras é muito importante, revelando o talento do mesmo, pois como diz Mach: ?Uma palavra bem escolhida pode economizar uma quantidade enorme de pensamento?. Pois, escrever equivale a uma confissão, ou seria mero recado escrito. Daí sua realização fazer-se com total independência da intenção à decisão. E escrever, voluntariamente traz energia para a inteligência, reforça a imaginação, clareia as idéias, descarrega as tensões, equilibra as emoções. Doutra parte, por fim, escreve-se com instrumento metálico, que tem denominação de pena, do ensejo de Cervantes dizer que: ?A pena é a língua da alma?. Então, em última instância, escrever é uma arte. Exige forma agradável através do estilo estético. Isso em todas as modalidades. Da escrita privada, em forma de carta íntima das relações pessoais, das declarações e correspondências, das mensagens amorosas, e tantos outros assuntos. E da escrita pública, dos artigos para jornais voltados para o leitor comum, e para revistas de arte, ciência, e filosofia. Em todas, a importância do seu valor, faz-se presente. (*) É médico.