Opinião
Ind�stria cultural, cultura de massa e lixo cultural

| Fernando A. N. Lôbo * Os modernos teóricos da comunicação e de massa costumam fazer suas análises, a partir de determinados dados concretos, existente em uma dada sociedade local ou nacional. Os meios de comunicação de massa têm sido considerados os principais elementos formadores da sociedade moderna de massas, concretizada por maior consenso, maior participação pública e maior consciência do mundo em que vivemos transformado, graças aos meios de comunicação, numa ?aldeia global?. Há vários aspectos controversos a respeito dos meios de comunicação de massa, que são objeto de interrogações e acesos debates: o grau de influência exercida por esses meios e o tipo de controle social a que devem ser submetidos; seu poder sobre a opinião pública; sua adesão a ?ideologias políticas, e uma suposta tendência a ?nivelar por baixo? a qualidade, com produtos de gosto e conteúdos duvidosos. A idéia desses teóricos, de que a tendência a uma homogeneização é inexorável, abre outros debates à contestação. Defendem o conceito de um ?imperialismo cultural? periféricas a um processo massificante. Os meios de comunicação de massa, inseridos no rádio, na televisão, no cinema, no jornal, passaram a adotar os códigos universalizados, fazendo-os, pouco a pouco, perderem suas identidades regionais e locais. Os valores e os modos vão se cristalizando avassaladoramente, propiciando a perda da sua idiossincrasia. Lentamente, os traços culturais de uma determinada sociedade nacional ou regional, cedem lugar aos novos códigos. Há uma perda na identidade; há uma perda na qualidade do bem cultural. Um dedo significativo e atual é que caracteriza como ?lixo cultural?. Presentemente, no Brasil, a televisão e as rádios têm sido os meios de comunicação social mais utilizados para a pauperização da cultura brasileira. Usa-se como argumento de que as ?massas? consomem esses bens, com certa voracidade e esse indicativo premia a política de se tornar público programas musicais, e outros empreendimentos de qualidade questionável e, muitos deles, baseados em valores culturais exógenos, sem qualquer relevância com os valores nacionais. Mesmo se atendendo que a globalização seja um estágio das civilizações contemporâneas, não se admite como lógico, o processo que vai lentamente, minando as culturas locais. Ora, ?a cultura é coisa propriamente humana?, como afirma A. Cuvillier. (*) É professor universitário.